‘Interferência dos EUA na Justiça brasileira é inaceitável’, declara Lula
Presidente repudiou sanções contra Alexandre de Moraes e denunciou ‘argumentos políticos’ usados para justificar tarifaço
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou como “inaceitável” a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter sido alvo de sanções da administração de Donald Trump na última quarta-feira (30/07).
Além de se solidarizar com Moraes, sancionado por julgar Jair Bolsonaro – réu por tentativa de golpe de Estado em 2022, Lula afirmou que a medida dos Estados Unidos foi motivada “pela ação de políticos brasileiros que traem a pátria e o povo em defesa dos próprios interesses”.
O Brasil é um país soberano e democrático, que respeita os direitos humanos e a independência entre os Poderes. Um país que defende o multilateralismo e a convivência harmoniosa entre as Nações, o que tem garantido a força da nossa economia e a autonomia da nossa política…
— Lula (@LulaOficial) July 30, 2025
Moraes foi sancionado de acordo com a Lei Magnitsky, usada para punir supostos violadores de direitos humanos no exterior. Já Lula reiterou que “o Brasil é um país soberano e democrático, que respeita os direitos humanos e a independência entre os Poderes”.
“Um dos fundamentos da democracia e do respeito aos direitos humanos no Brasil é a independência do Poder Judiciário e qualquer tentativa de enfraquecê-lo constitui ameaça ao próprio regime democrático. Justiça não se negocia”, declarou o presidente.
Lula aproveitou para falar sobre o decreto assinado por Trump, também na última quarta, que formaliza as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros em território norte-americano, que entrarão em vigor na próxima quarta-feira (06/08).
“O governo brasileiro considera injustificável o uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas pelo governo norte-americano contra as exportações brasileiras”.
Lula também considerou que a “motivação política das medidas contra o Brasil” são um “atentado contra a soberania nacional” e a diplomacia entre os dois países.
Ao mencionar as investigações da Justiça brasileira sobre plataformas digitais norte-americanas, motivo que levou o governo Trump a falar em “caça às bruxas” contra as empresas do país, Lula afirmou que “no Brasil, a lei é para todos os cidadãos e todas as empresas”.
“Qualquer atividade que afete a vida da população e da democracia brasileira está sujeita a normas. Não é diferente para as plataformas digitais. A sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a democracia”.
Lembrando que Brasília “defende o multilateralismo e a convivência harmoniosa entre as Nações”, que é a garantia “da força da economia brasileira e a autonomia da política externa”, Lula reiterou que o Brasil “segue disposto a negociar”.
“O Brasil segue disposto a negociar aspectos comerciais da relação com os Estados Unidos, mas não abrirá mão dos instrumentos de defesa do país previstos em sua legislação”, instou o líder brasileiro.
Por fim, Lula ainda assegurou que a economia brasileira “está cada vez mais integrada aos principais mercados e parceiros internacionais” e que “a avaliação dos impactos das medidas e a elaboração das ações para apoiar e proteger os trabalhadores, as empresas e as famílias brasileiras” já foram iniciadas.

Lula afirmou que medida dos EUA foi motivada “pela ação de políticos brasileiros que traem a pátria em defesa dos próprios interesses”
Ricardo Stuckert / PR
Leia a nota de Lula na íntegra:
O Brasil é um país soberano e democrático, que respeita os direitos humanos e a independência entre os Poderes. Um país que defende o multilateralismo e a convivência harmoniosa entre as Nações, o que tem garantido a força da nossa economia e a autonomia da nossa política externa.
É inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira.
O governo brasileiro se solidariza com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, alvo de sanções motivadas pela ação de políticos brasileiros que traem nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses.
Um dos fundamentos da democracia e do respeito aos direitos humanos no Brasil é a independência do Poder Judiciário e qualquer tentativa de enfraquecê-lo constitui ameaça ao próprio regime democrático. Justiça não se negocia.
No Brasil, a lei é para todos os cidadãos e todas as empresas. Qualquer atividade que afete a vida da população e da democracia brasileira está sujeita a normas. Não é diferente para as plataformas digitais.
A sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a democracia.
O governo brasileiro considera injustificável o uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas pelo governo norte-americano contra as exportações brasileiras. O Brasil tem acumulado nas últimas décadas um significativo déficit comercial em bens e serviços com os Estados Unidos. A motivação política das medidas contra o Brasil atenta contra a soberania nacional e a própria relação histórica entre os dois países.
O Brasil segue disposto a negociar aspectos comerciais da relação com os Estados Unidos, mas não abrirá mão dos instrumentos de defesa do país previstos em sua legislação. Nossa economia está cada vez mais integrada aos principais mercados e parceiros internacionais.
Já iniciamos a avaliação dos impactos das medidas e a elaboração das ações para apoiar e proteger os trabalhadores, as empresas e as famílias brasileiras.























