Indiciamento de Bolsonaro e Eduardo é notícia na imprensa internacional

A imprensa internacional repercutiu o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pela Polícia Federal nesta quarta-feira (20/08). Eles são acusados de obstrução de Justiça no curso das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. A decisão foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e também resultou em medidas contra o pastor Silas Malafaia, com a busca e apreensão e de retenção do seu passaporte.

Os jornais argentinos deram destaque à carta com o pedido de asilo de Bolsonaro para o presidente argentino Javier Milei. O documento de 33 páginas foi encontrado pela PF no celular do ex-presidente nesta quarta-feira (20/08).

O argentino Clarín, sob o título “Jair Bolsonaro planejava pedir asilo ao governo de Javier Milei em 2024”, destacou da carta, as alegações do ex-presidente e réu no STF de “perseguição” por “motivos políticos”. O jornal informou que os “agentes suspeitam que a autora do arquivo com o pedido de refúgio, editável e sem assinatura, seja a esposa do senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente”.

A reportagem também lembra que “segundo autoridades brasileiras, Bolsonaro e seu filho Eduardo, que está nos Estados Unidos há cerca de seis meses, buscaram ‘induzir, instigar e auxiliar’ o governo Donald Trump ‘a realizar atos hostis contra o Brasil’ com o objetivo de ‘encerrar’ o caso do golpe”.

Já o argentino La Nación publicou trechos da carta e destacou do relatório da PF, uma transferência de “2 milhões de reais (365.000 dólares) para a conta da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, no que parecia ser uma intenção de ocultar seu patrimônio verdadeiro”.

“A operação, segundo os investigadores, ocorreu em 21 de fevereiro de 2024, um dia antes de Bolsonaro prestar depoimento no inquérito sobre a tentativa de golpe”, informa a reportagem.

Indiciamento de Bolsonaro pela PF é notícia na imprensa internacional
Valter Campanato/Agência Brasil

EUA

Nos Estados Unidos, The New York Times destacou as relações entre Bolsonaro e Milei e focou nas articulações de Eduardo nos Estados Unidos. O texto afirma que “o filho, Eduardo Bolsonaro, visitou a Casa Branca diversas vezes nos últimos meses para buscar a intervenção dos EUA no caso do pai. No mês passado, o presidente Trump citou o assunto ao anunciar que imporia tarifas de 50% sobre produtos do Brasil , exigindo que o país desistisse do processo contra o ex-presidente, que é aliado de Trump”.

A reportagem também destaca que Trump “impôs sanções severas, normalmente reservadas a indivíduos acusados ​​de graves violações dos direitos humanos, a Alexandre de Moraes, o ministro do Supremo Tribunal Federal que está supervisionando o caso do Sr. Bolsonaro”.

Já Washington Post apontou que “Bolsonaro está atualmente aguardando uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre uma suposta tentativa de golpe e soube na quarta-feira que ele pode enfrentar outro caso, já que a polícia o acusou formalmente, junto com um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro, de obstrução da justiça em conexão com seu julgamento.”

Europa

Na Europa, o britânico The Guardian, sob o título “Polícia brasileira acusa Bolsonaro de planejar fuga para a Argentina em busca de asilo”, deu destaque à carta “sem data e assinatura” endereçada a Milei, afirmando que “Bolsonaro estava ‘enfrentando prisão iminente’ — algo que, segundo o pedido de asilo, seria ‘injusto, ilegal, arbitrário e inconstitucional’.

A reportagem frisa que “a acusação de que Bolsonaro planejava fugir do Brasil para a Argentina surgiu no momento em que a Polícia Federal acusou formalmente o ex-presidente e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, de tentarem interferir no julgamento de Bolsonaro, incentivando autoridades americanas a pressionarem o Supremo Tribunal Federal”.

O francês Le Monde afirmou que o pedido de asilo político ao governo do presidente argentino Javier Milei, datado de 10 de fevereiro de 2024, foi apresentado “poucos dias após o início da investigação contra ele” e que “na carta de 33 páginas, ele afirma ser perseguido politicamente no Brasil e temer por sua vida”.

“Tanto Bolsonaro quanto Milei são fervorosos apoiadores do presidente americano Donald Trump”, diz a rerportagem, ao lembrar que o passaporte do ex-presidente brasileiro foi apreendido pelo Supremo Tribunal Federal em 8 de fevereiro de 2024 e que ele “fez várias tentativas de recuperá-lo, inclusive antes da posse de Donald Trump em janeiro de 2025”.