Índia defende autonomia do petróleo e desafia EUA: 'não compre'

Com a declaração: “Se você está incomodado com a compra de petróleo ou produtos refinados da Índia, não compre. Ninguém está forçando você a comprar”, o Ministro das Relações Exteriores da Índia, Subramanian Jaishankar, desafiou os Estados Unidos e a Europa para defender a autonomia estratégica e o comércio de petróleo de seu país em meio ao aumento das tensões diplomáticas e à imposição de tarifas americanas.

A posição da Índia surge após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas adicionais de 50% sobre produtos indianos, com 25% dessa taxa sendo imposta como medida punitiva em resposta ao aumento das importações de petróleo russo pela Índia.

Nesse sentido, o governo indiano descreveu essas medidas como “injustas, injustificadas e irracionais” e declarou que tomará todas as medidas necessárias para proteger seus interesses nacionais.

Jaishankar também destacou a contradição na posição do Ocidente, observando que a Europa e os Estados Unidos continuam comprando petróleo e produtos refinados da Índia, apesar de sua origem russa.

Ele enfatizou que o comércio total entre a Rússia e a União Europeia é maior do que entre a Rússia e a Índia, e que a UE é um maior comprador de energia do que a Índia.

O ministro das Relações Exteriores da Índia também criticou o fato de a China, principal importadora de petróleo russo, não ter enfrentado tarifas equivalentes, apesar de ter aumentado sua participação de 13 para 16 por cento.

Jaishankar também destacou a contradição na postura do Ocidente, observando que a Europa e os Estados Unidos continuam comprando petróleo e produtos refinados da Índia
World Economic Forum / Benedikt von Loebell

O funcionário enfatizou que a Índia compra petróleo para estabilizar o mercado e defender seus interesses nacionais, o que, segundo ele, também beneficia os interesses globais.

As tensões diplomáticas foram intensificadas pelo cancelamento repentino de uma visita planejada de negociadores comerciais dos EUA a Nova Déli.

Jaishankar disse que, embora as negociações com Washington continuem, a Índia tem “linhas vermelhas” nas negociações que devem ser mantidas.

Nesse contexto, a Índia suspendeu os planos de compra de armas e aeronaves dos Estados Unidos e concordou em expandir seus laços comerciais bilaterais com a Rússia, incluindo a expansão dos embarques de petróleo bruto russo.

A Índia mantém sua postura de defesa dos interesses de seus agricultores, sua autonomia estratégica e sua oposição a qualquer mediação de terceiros em questões bilaterais com países vizinhos, como o Paquistão.