Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O mundo assiste novamente o momento em que a guerra se transformou um instrumento da política, avaliou o escritor espanhol Ignacio Ramonet durante o Foro Internacional por uma Humana Humanidade em Caracas, capital venezuelana.

Ramonet defendeu que esse momento é efeito de diversos fatores que estão cada vez mais incrustados. Para ele, as mudanças climáticas, novas tecnologias e o avanço da extrema direita são tais causadores das distintas guerras que atualmente se estabeleceram no mundo.

“O projeto da ONU de anos sem guerras está morrendo. A guerra virou instrumento de fazer política, uma política de outra maneira”, disse.

Ele apontou que as guerras não haviam desaparecido após 1945, mas destacou que eram Estados contra organizações armadas, e não um Estado contra o outro. Agora, segundo ele, não há mais debate diplomático e sim “a paz pela força”, apontando os recentes ataques dos Estados Unidos e Israel ao território do Irã.

“Não se discute o que fazer com a indústria nuclear. Na verdade, a destrói. Agora, fala-se de Donald Trump ser indicado ao Nobel da Paz pela guerra que chamou de 12 dias e afirmou ter encerrado ela. Acabou com uma guerra bombeando um país”, afirmou.

Ignacio Ramonet, o terceiro sentado da esquerda para a direita, durante evento do Foro Internacional por uma Humana Humanidade, em Caracas
Fernanda Forgerini

BRICS

O escritor espanhol defendeu que, na contramão desse movimento, está o BRICS criando um “contrapeso” ao Ocidente.

Ramonet disse que há uma vontade de construir um novo mundo e atualizar o Conselho de Segurança, principal instância da Organização das Nações Unidas (ONU), no qual “sete países controlam tudo”.

Nesse sentido, para ele, o bloco, a priori criado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que agora ampliou seus membros, é um agrupamento “não ocidental”.

“Quase todos são ex-colônias que formam a primeira tentativa de desocidentalizar o mundo. Esse projeto pode conduzir para uma paz aceitação”, disse.

Foro Humanidade

Opera Mundi acompanha em Caracas o Foro Internacional por uma Humana Humanidade, promovido pelo Instituto Simón Bolívar (IBS) e a Rede de Intelectuais e Artistas na Defesa da Humanidade.