Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Após uma eleição acirrada, a agência de notícias holandesa ANP anunciou, nesta sexta-feira (31/10), a vitória do líder centrista Rob Jetten nas eleições parlamentares dos Países Baixos, afirmando que o Partido pela Liberdade (PVV), de extrema direita, não conseguiria reverter a pequena diferença.

Pouco depois do anúncio, Jetten reivindicou a vitória. “Estou incrivelmente feliz por termos nos tornado o partido líder nesta eleição. É um resultado histórico para o D66. Ao mesmo tempo, sinto uma grande responsabilidade”, declarou a jornalistas.

“Acredito que mostramos ao restante da Europa e do mundo que é possível derrotar movimentos populistas com uma campanha baseada em uma mensagem positiva para o país”, disse Jetten à AFP.

Com a apuração concluída em todos os 342 distritos eleitorais, exceto um, e nas três ilhas do Caribe holandês, o partido de Jetten, o D66, lidera com uma vantagem de 15.155 votos sobre o PVV de Geert Wilders.

Venray, uma pequena cidade no sudeste da Holanda, deve anunciar seus resultados ainda hoje, após atrasos causados por um incêndio na noite da eleição.

Esse distrito favorece tradicionalmente a extrema-direita. Os votos por correspondência de cerca de 90 mil holandeses que vivem no exterior devem ser decisivos. Eles só começarão a ser apurados na segunda-feira, mas espera-se que favoreçam Jetten.

O resultado oficial será anunciado na próxima sexta-feira pela Comissão Eleitoral.

Rob Jetten reivindica vitória do D66 sobre extrema direita em eleições legislativas; resultado oficial sairá na próxima sexta (07)
@jettenrob / Instagram

Processo longo para formar governo

Os Países Baixos ainda enfrentam os efeitos da crise provocada pela saída do PVV da coalizão governista, em junho de 2025, devido a divergências sobre políticas de asilo. Serão necessários meses de negociações para formar uma coalizão viável e definir um programa de governo consensual.

Uma coligação precisa reunir ao menos 76 cadeiras para garantir maioria no Parlamento, composto por 150 deputados. Assim que os resultados finais forem divulgados, começarão os cálculos para determinar quais combinações de partidos poderão alcançar esse número.

Segundo estimativas da ANP, tanto o D66 quanto o PVV devem conquistar 26 cadeiras. Como líder do partido mais votado, Jetten terá prioridade na formação da coalizão. Complexo, o processo pode levar meses.

Inicialmente, os partidos nomeiam um “olheiro”, responsável por sondar quais siglas estão dispostas a formar uma aliança. Em seguida, o Parlamento designa um “informante”, encarregado de avaliar os possíveis contornos de um acordo de coligação. Até 2012, essa função era atribuída pelo rei.

Quando um grupo se dispõe a trabalhar em conjunto, entra em cena o “formador”, geralmente o líder do partido com mais cadeiras, que assume a tarefa de formar o governo.

Após a assinatura do acordo de coligação, o novo governo apresenta seu programa ao Parlamento, seguido por um voto de confiança. Os partidos competem para incluir o máximo possível de propostas de seus programas no acordo, antes mesmo de iniciar a disputa pelos cargos ministeriais.

O último governo, liderado por Dick Schoof, levou 223 dias para ser formado. Todos os partidos, no entanto, afirmaram que desejam concluir o processo mais rapidamente desta vez.

Parlamento fragmentado

O Parlamento holandês saiu bastante fragmentado destas eleições. Com quase todos os votos apurados, uma coligação de quatro partidos – o D66 (26 assentos), o liberal VVD (22), a aliança de esquerda Verde/Trabalhista (20) e o de centro-direita CDA (18) – poderia formar um governo.

Partidos menores, como o de extrema direita JA21 (nove assentos), também poderão desempenhar papel decisivo. Até a posse oficial do novo governo, o atual primeiro-ministro Dick Schoof continuará a administrar os assuntos cotidianos.

De modo geral, a transição ocorre sem grandes problemas. O país está acostumado a esse cenário, já que nenhum partido na história dos Países Baixos obteve mais de 50% dos votos.

Com AFP