Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A proposta apresentada por Donald Trump de deslocamento forçado da população palestina da Faixa de Gaza gerou fortes reações de repúdio nesta quarta-feira (05/02) por parte de organizações palestinas e de governos de países árabes.

O grupo de resistência Hamas se expressou através de dois comunicados. Um deles, divulgado pelo porta-voz Sami Abu Suhri, disse que a proposta de Trump é uma receita para “criar caos e tensão na região”.

“O que precisamos é o fim da ocupação e da agressão contra o nosso povo, não sua expulsão de sua terra. Nosso povo frustrou planos de deslocamento e deportação sob bombardeios durante mais de 15 meses. Os palestinos não aceitarão nenhum plano destinado a retirá-los de sua pátria”, acrescentou Suhri.

Em outro comunicado, Izzat Al-Rishq, também porta-voz do grupo, disse que “Gaza não é uma terra comum em que qualquer um pode decidir controlar. É parte da nossa terra Palestina ocupada. Qualquer solução deve ser baseada em um fim na ocupação e na garantia dos direitos do povo palestino, não em uma mentalidade de comerciante imobiliário. Uma mentalidade do poder e da dominação”.

A reação do Hamas acontece horas depois da declaração do presidente norte-americano, Donald Trump, realizada na Casa Branca, durante um encontro entre o mandatário e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Na coletiva após a reunião, o mandatário de extrema direita disse apoiar o projeto de expulsão dos palestinos para que se realizem os trabalhos de reconstrução no território visando a transformação de Gaza em uma “Riviera do Oriente Médio”.

Por sua parte, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse que a proposta de Trump e Netanyahu configura uma “violação aos direitos dos moradores de Gaza e uma grave violação do direito internacional”.

Ahmed Abu Hameeda / Wikicommons
Países árabes repudiaram proposta de Trump de deslocamento massivo da população palestina de Gaza

“Não permitiremos que os direitos do nosso povo, pelos quais lutamos por décadas e fizemos grandes sacrifícios para alcançar, sejam violados”, expressou o líder palestino, em entrevista à agência Wafa.

Riyad Mansour, representante palestino na Organização das Nações Unidas (ONU) também criticou as declarações. “Nossa pátria é nossa pátria, se parte dela foi destruída, o povo palestino escolheu retornar e eu acho que os líderes e os povos do mundo devem respeitar essa decisão”, frisou o diplomata.

Cinco países árabes – Arábia Saudita, Emirados Árabes, Catar, Egito e Jordânia – junto com a Liga Árabe e a Autoridade Nacional Palestina assinaram nesta mesma quarta-feira (05/02) uma carta conjunta dirigida ao governo dos Estados Unidos, manifestando seu repúdio à proposta de Donald Trump de deslocamento forçado da população palestina da Faixa de Gaza.

A carta assinada pelos líderes árabes enfatiza que a reconstrução de Gaza deve ser liderada pelos palestinos, com apoio da comunidade internacional, e que mais deslocamentos só contribuiriam para desestabilizar mais a região. Os signatários reafirmaram seu compromisso com uma solução de dois Estados como caminho para a paz e segurança, tanto para os paletinos quanto para os israelenses, e defenderam os “direitos inalienáveis dos palestinos”.

A Arábia Saudita, um dos países que assinou a carta conjunta, também reagiu através de um comunicado de seu Ministério de Relações Exteriores, no qual sublinhou a “firmeza” de sua decisão. O país também lembrou que vinha trabalhando na normalização das suas relações com Israel, mas que, após o projeto exposto por Trump e Netanyahu, decidiou condicionar esse processo de normalização à criação de uma via política em direção a um Estado Palestino.

A proposta de Trump para a Faixa de Gaza também foi condenada pela ONU e por diversos líderes mundiais da Europa, Ásia e América Latina, incluindo os governos da China e da Rússia. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se mostrou enfaticamente contrário ao projeto.

 

Com informações de Wafa e The Guardian.