Grupos de esquerda no Nepal se unem e formam novo Partido Comunista
Fusão aumenta chances de reviver progressismo no país nas eleições de março, após protestos da Geração Z que forçaram renúncia da aliança liberal-esquerda
Nove partidos de esquerda no Nepal decidiram se unir para formar um novo Partido Comunista Nepalês (NCP) em Katmandu na terça-feira (04/11). O novo partido reaviva a esperança na presença eleitoral da esquerda nas próximas eleições nacionais, em março.
Os partidos que anunciaram formalmente a fusão incluem o Partido Comunista do Nepal (Centro Maoísta), liderado pelo ex-primeiro-ministro Pushpa Kamal Dahal “Prachanda”; o Partido Comunista do Nepal (Socialista Unificado) liderado por Madhav Kumar Nepal; CPN; Partido Socialista do Nepal; Partido Janata Samajbadi Nepal; CPN (Socialista Maoísta); CPN (Samyabadi); CPN (Comunista) e CPN (Maoísta Revolucionário).
As partes assinaram um acordo de 18 pontos para formar o NCP. O novo partido realizou sua primeira convenção nacional na quarta-feira (05/11), na qual um novo comitê central foi formado, uma declaração formal foi feita e seus princípios foram anunciados.
De acordo com as informações da imprensa, o partido seguirá os princípios marxistas-leninistas com um programa político focado no socialismo científico com “características nepalesas”. Terá também uma estrela de cinco pontas como seu novo símbolo eleitoral.
Alegando que os objetivos do NCP seriam alcançar a prosperidade econômica, boa governança e controle da corrupção, o líder do CPN (Centro Maoísta) e ex-ministro do Interior e das Relações Exteriores do país, Narayan Kaji Shrestha, disse na terça-feira que tentará antecipar e abordar as preocupações da Geração Z.
Os chamados protestos da Geração Z ocorreram em setembro. Neles, dezenas de pessoas foram mortas e várias instituições nacionais (como o prédio do Parlamento) foram incendiadas. Isso forçou a renúncia do então primeiro-ministro KP Sharma Oli, que liderava um governo de coalizão composto pelo Partido Comunista do Nepal-Marxista Leninista Unificado (CPN-UML) e pelo Congresso Nepalês.
Analistas argumentaram que os protestos raivosos e violentos da juventude do país eram um reflexo dos fracassos sistêmicos dos sucessivos governos, principalmente liderados pela esquerda desde a queda da monarquia nos anos 2000, para abordar as questões de emprego e corrupção.

O Parlamento do Nepal foi incendiado durante protestos levantados pelos jovens da Geração Z
RS/Fotos Públicas
Eleições de março
O Nepal é atualmente administrado por um governo interino sob a liderança da ex-presidente da Suprema Corte Sushila Karki. Este governo interino dissolveu o Parlamento e decidiu realizar eleições nacionais em 5 de março do próximo ano.
O líder maoísta Narayan Kaji Shrestha, no entanto, negou que a formação de um partido comunista unificado tenha se concentrado nas eleições de março e afirmou que foi resultado de esforços prolongados que começaram antes dos protestos em setembro, que ajudaram a acelerar o processo.
“Enquanto trabalhávamos para trazer as mudanças na nação, no momento certo, esse novo cenário político se desenvolveu, e agora estamos em um novo momento, fazendo outro movimento histórico”, disse Shrestha à mídia.
O NCP “se concentrará em proteger as conquistas da revolução democrática popular e lançar as bases para o socialismo”, afirmou o comunicado divulgado por ele na terça-feira.
Uma das maiores formações comunistas do país, o CPN (UML) não se juntou à nova formação na terça-feira.
O CPN (UML) fazia parte de uma tentativa anterior de criar uma formação comunista unida no país. Em 2018, fundiu-se com o CPN (Centro Maoísta) para formar o Partido Comunista do Nepal (NCP). O partido não durou muito e em 2021, enquanto estava no governo, aconteceu uma cisão e, após a cisão, tanto o CPN (Centro Maoísta) quanto o CPN (UML) retomaram suas formas pré-fusão.























