Quinta-feira, 18 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

O historiador e influencer Jones Manoel recebeu ameaça de morte de uma organização neonazista intitulada Brigada Hitlerista Brasileira (Atomwaffen Brasil). Fundado em 2015, o grupo encaminhou um e-mail na quarta-feira (20/08) ao youtuber pedindo dinheiro e intimidando-o caso o pagamento não seja efetuado.

A Opera Mundi, Jones disse que, no texto do e-mail, há um compilado de diversos dados pessoais seus, como nome, endereço, título de eleitor e CPF, além de dados de sua pessoa jurídica. Ainda de acordo com ele, há um apanhado de diversas palestras que ele realizou desde 2018, com horários de embarque e desembarque, títulos das palestras, local e horário dos eventos. “Meio que para dar a sensação de que estamos te vigiando”, afirmou.

O e-mail termina com xingamentos racistas e uma ameaça de morte exigindo o depósito de R$ 250 mil. Caso contrário, ele seria morto. Há ainda uma chave PIX para o envio do dinheiro.

Jones, que é colunista de Opera Mundi, recordou que um dos objetivos historicamente considerados de organizações nazistas e fascistas é “tentar intimidar a militância de esquerda, organizações populares, sindicatos, movimentos sociais, intelectuais. Então, é preciso deixar muito claro que nós não vamos nos intimidar e que não temos medo”.

“Estamos tomando as medidas de segurança, as precauções necessárias, mas o medo não pauta a ação dos comunistas”, afirmou. Ele também citou a frase atribuída a Carlos Marighela: “não tive tempo para ter medo”.

jones manoel

‘Vamos continuar rodando o Brasil e falando sobre a necessidade da revolução brasileira’, afirma Jones Manoel
Reprodução / Boitempo

Segundo o historiador, todas as atividades públicas estão mantidas, assim como as viagens pelo Brasil. “Vamos continuar rodando o Brasil, fazendo um debate sobre a necessidade da revolução brasileira, defendendo a soberania nacional do nosso país contra o ataque imperialista de Donald Trump, fazendo a crítica ao programa neoliberal e defendendo uma alternativa de esquerda radical com poder político nas mãos da classe trabalhadora”, garantiu.

E reiterou: “não há ameaça neste mundo que nos retire da luta e do nosso papel de intelectual, de agitador público do marxismo e da revolução brasileira”.

Medidas cautelares

Frente à ameaça, Jones acionou o Ministério Público Federal. “Hoje de manhã eu tive uma reunião com a deputada Dani Portela (Psol) aqui de Pernambuco, que é presidente da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Alepe [Assembleia Legislativa de Pernambuco], para ela oficializar o Ministério dos Direitos Humanos e o Ministério da Justiça”, disse.

Como é um caso de organização nazista, explicou Jones, a competência é da Polícia Federal: “é da esfera federal investigar e apurar e todos esses elementos comprobatórios que estão no e-mail e que facilitam a apuração. Eles vão ser enviados para a Polícia Federal para a fazer investigação”.

E-mail do grupo neonazista enviado a Jones Manoel

Os dois escritórios de advocacia que lhe prestam assessoria jurídica “tiraram uma nota pública e já começaram os trâmites jurídicos, acionando o Ministério Público Federal para instar a Polícia Federal a entrar no caso”. “Estamos também em reunião com o PCBR [Partido Comunista Brasileiro Revolucionário], que é minha organização política para tomar as medidas de segurança”, contou.

Jones frisou que não irá cancelar nenhuma atividade pública, pelo contrário, “todas estão mantidas”, frisou. No próximo sábado, o historiador estará na embaixada Fluminense em Nova Iguaçu, no terceiro Encontro de Cursinhos Populares da Baixada. “Vou fazer a conferência principal sobre neoliberalismo, fascismo e educação, que é a crise da educação”, relatou.

“Nós também estamos tomando medidas para fazer com que o caso ganhe a devida a proporção política para, inclusive, pressionar as instituições do Estado burguês a agir em termos de medidas jurídicas e de segurança também”, salientou.

Meta

Questionado sobre o apagamento na semana passada de sua conta nas redes sociais da empresa Meta, Jones falou que entrou com uma ação judicial que já foi protocolada e que o processo está correndo. “Estamos pedindo uma explicação formal da Meta que até hoje não tivemos, e uma indenização por danos e diversas ordens”, relatou.

Ele não acredita que houve um erro da empresa. “A avaliação que a gente faz é que foi uma medida com motivações políticas. E considerando que a Meta simplesmente se negou a dar qualquer explicação formal, isso reforça essa suspeita”.

“Se você parar para pensar, o caso ganhou uma repercussão nacional, saiu em toda mídia, mídia alternativa, mídia de esquerda, mídia empresarial burguesa, teve declaração de solidariedade de dezenas de deputados federais, estaduais, vereadores, lideranças políticas, inclusive pronunciamento da ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais)”, destacou.