Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A Missão de Manutenção da Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) na República Democrática do Congo denunciou nesta quinta-feira (06/02) o assassinato de pelo menos 163 mulheres, que teriam sido queimadas vivas em ação realizada pelo grupo terrorista ruandês Movimento 23 de Março (M23) assumiu o controle de Goma, capital da província de Quivu, próxima à fronteira entre os dois países.

A acusação foi feita em Genebra, na Suíça, pela ministra congolesa dos Direitos Humanos, Chantal Chambu Mwavita, em sessão especial realizada na sede da ONU para tratar do tema.

Segundo o relato da ministra, o M23 tem realizado “saques de prédios jurídicos, e em um desses ataques o algo foi o edifício onde funcionavam uma maternidade e uma organização que defende mulheres vítimas de violência”. Ela contou que a maioria as mulheres queimadas vivas teriam sido capturadas pelos terroristas durante esse ataque.

Chambu Mwavita acusou o exército de Ruanda de apoiar as ações do M23 no norte da República Democrática do Congo, e também criticou as declarações “ambíguas e irresponsáveis” das autoridades do país vizinho a respeito do tema.

A denúncia do governo congolês na ONU também apresentou o caso de um presídio em Goma no qual os detentos teriam sido libertados pelo M23, alguns dos quais teriam sido recrutados pelo grupo terrorista.

Reprodução vídeo / Al Jazeera
Grupo terrorista M23 realiza disparos de mísseis em ataque à província no norte da República Democrática do Congo

A onda de violência promovida pelo M23 no norte da República Democrática do Congo tem provocado um êxodo em massa, com mais de 6,5 milhões de deslocados internos.

O governo congolês também aponta a União Europeia e o Ocidente como “cúmplices” das ações do grupo terrorista. “Os países ocidentais tentam fingir que não sabem o que acontece, porque são os que se beneficiam com o roubo dos nossos recursos minerais por parte de Ruanda, seu principal aliado na região”, ressaltou a ministra Chambu Mwavita.

Histórico do conflito

O M23 é um grupo terrorista composto principalmente por tutsis, grupo étnico que sobreviveu ao genocídio de Ruanda em 1994 – muitas pessoas dessa etnia fugiram para o país vizinho, na época conhecido como Zaire, para fugir do massacre.

Poucos anos após a chamada Segunda Guerra do Congo (1998-2003), quando o antigo Zaire passou a se chamar República Democrática do Congo, surgiu o M23, formado em sua maioria por tutsis congoleses. O grupo contou com apoio do governo de Ruanda desde os seus primeiros anos, apesar de operar em território estrangeiro e de realizar atentados considerados terroristas pelo governo local.

As disputas entre as forças congolesas e o M23 acontecem desde os Anos 2000, especialmente na província de Quivu. Aliás, esta é a segunda vez que o grupo terrorista toma o controle da cidade de Goma – a primeira ocasião foi entre 2012 e 2013.

 

Com informações de TeleSur.