Governo Trump anuncia revisão de 55 milhões de vistos nos EUA
Medida inclui monitoramento de redes sociais em busca de 'opiniões antiamericanas' e pode provocar revogação do documento e deportação
O governo Trump iniciou um processo de revisão dos registros de mais de 55 milhões de portadores de vistos norte-americanos. A medida inclui o monitoramento de redes sociais e pode levar à revogação do documento ou até à deportação.
A decisão vem após o governo Trump anunciar que pretende buscar opiniões consideradas ‘antiamericanas’ ao avaliar solicitações de residência, vistos temporários e pedidos de cidadania. O Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS) confirmou que expandirá a triagem digital, incorporando análises sobre atividades online.
“Os benefícios da América não devem ser concedidos àqueles que desprezam o país e promovem ideologias antiamericanas”, disse Matthew Tragesser, porta-voz do órgão, ao acrescentar que os benefícios da imigração – incluindo viver e trabalhar nos Estados Unidos – “permanecem um privilégio, não um direito”.
À Associated Press, o Departamento de Estado norte-americano afirmou que todos os estrangeiros com vistos válidos no país estarão sujeitos a um sistema de “verificação contínua”.
‘Atividade antiamericana’
The Guardian aponta que o debate em torno do que constitui “atividade antiamericana” é um dos pontos mais polêmicos da medida. O conceito, historicamente associado ao comunismo durante a Guerra Fria, agora se expande a manifestações políticas, críticas à política externa dos EUA e, especialmente, protestos relacionados aos ataques de Israel na Faixa de Gaza.
Especialistas ouvidos pelo jornal britânico alertam que a medida pode não apenas gerar deportações em massa, mas também intimidar estudantes, trabalhadores temporários e profissionais altamente qualificados.

Governo Trump anuncia revisão de 55 milhões de vistos nos EUA
Molly Riley / White House
Desde janeiro, 6 mil vistos estudantis foram revogados. Em maio, entrevistas para concessão desse tipo de visto chegaram a ser temporariamente interrompidas, e, em junho, entrou em vigor a regra que exige a liberação dos perfis de redes sociais como condição para o processo. Quem não concordar em fornecer acesso às suas contas digitais serão automaticamente considerados suspeitos de ocultar informações.
Organizações de direitos civis apontam que o programa poderá criminalizar o discurso político e a dissidência, transformando opiniões críticas em motivo para expulsão do país. Com a medida, destaca The Guardian, a Casa Branca reforça a ideia de que a permanência de estrangeiros nos EUA deve estar atrelada não apenas ao cumprimento da lei, mas à adesão a valores considerados alinhados com o “espírito americano”.























