Governo Milei anuncia projeto de reforma trabalhista que facilita demissões
Proposta que visa eliminar acordos e direitos foi apresentada em encontro com empresários dez dias antes das eleições legislativas
Em encontro com empresários realizado nesta quinta-feira (116/10), na cidade de Mar del Plata, os ministros Luis Caputo (Economia) e Manuel Adorni (porta-voz) anunciaram o projeto de reforma trabalhista que o governo de Javier Milei presente implementar na Argentina a partir de novembro deste ano.
Durante seu discurso, Caputo destacou que os dois principais pontos do texto elaborado pela Casa Rosada serão a eliminação dos acordos coletivos de trabalho e a adoção de mecanismos para facilitar as demissões evitando ou reduzindo o pagamento de indenizações aos trabalhadores.
“Este é um segundo passo do nosso projeto, o primeiro foi estabilizar o país do ponto de vista fiscal, agora temos que impulsionar as reformas para melhorar a competitividade da economia argentina, transformar o mundo do trabalho para que o dinamismo econômico possa ser acompanhado pelo dinamismo trabalhista”, declarou o ministro.
A proposta foi apresentada durante a reunião anual do Instituto para o Desenvolvimento Empresarial da Argentina (IDEA) e aconteceu dez dias antes das eleições legislativas, marcadas para o próximo dia 26 de outubro, razão pela qual Adorni enfatizou que o projeto será enviado ao Congresso somente depois da realização do pleito.
Reação do peronismo
As declarações de Caputo e Adorni foram rebatidas pelos candidatos da coalizão opositora Força Pátria, que reúne diferentes setores do peronismo.
Segundo Jorge Taiana, que encabeça a lista de candidatos da aliança para Província de Buenos Aires, o projeto apresentado aos empresários “é mais episódio em que os funcionários de Milei confessam que sua intenção é fazer com que os trabalhadores paguem a conta das promessas que o governo faz, primeiro aos Estados Unidos, e agora aos empresários”.

Porta-voz argentino Manuel Adorni apresentou projeto de reforma trabalhista durante evento com empresários
O candidato recordou que, dias antes, em visita a Casa Branca, Javier Milei esteve com Donald Trump para destravar um resgate de cerca de US$ 20 bilhões que os Estados Unidos enviariam à Argentina diretamente do Tesouro norte-americano.
Não obstante, esses recursos, segundo palavras do próprio mandatário estadunidense, estariam condicionados a uma vitória do partido governista e de extrema direita A Liberdade Avança nas eleições legislativas que se aproximam.
“No dia 26 de outubro, os argentinos vão dizer a Milei e a Caputo que o problema que eles estão criando não é dos trabalhadores, o problema são eles e seu inconsequente plano econômico”, afirmou Taiana.
Por sua parte, o governador da Província de Buenos Aires, Axel Kicillof, figura mais destacada da oposição, afirmou em suas redes sociais que as declarações dos ministros de Milei no evento em Mar del Plata mostram que “temos um governo nacional que se resigna a ser um mero representante de alguns poucos setores do poder econômico, os quais têm interesses que estão muito distantes de um projeto de país coerente”.
“Precisamos de setores económicos que tenham uma visão de país mais ampla, que estejam dispostos a investir em um projeto baseado na soberania nacional e em um desenvolvimento que promova o crescimento também do mundo do trabalho”, completou o governador.























