Governo Lula avalia ‘não escalar’ crise diplomática com Venezuela
Opera Mundi apurou que Brasília reconhece 'deterioração' entre países, mas quer evitar responder 'cada medida' tomada por Caracas
O Brasil não deve responder oficialmente às recentes medidas venezuelanas que aprofundaram a crise diplomática entre os países, uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “está buscando não escalar problemas”. Opera Mundi apurou que Brasília reconhece uma “deterioração” entre os países vizinhos.
Segundo fontes consultadas, não haverá “reação oficial” por parte do Itamaraty, uma vez que a decisão de configurar o xadrez político não foi da iniciativa do governo Lula, mas sim de Caracas.
Há um entendimento que o Brasil “não deve responder’ ao anúncio do chamado do embaixador venezuelano e nem mesmo “escalar com respostas a cada medida deles”.
Na quarta-feira (30/10), a chancelaria venezuelana anunciou a convocação do encarregado de negócios do Brasil em Caracas, Flávio Macieira, para prestar esclarecimentos a respeito da postura que classificou como “rude e intervencionista” por parte do diplomata Celso Amorim, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, contra a Venezuela.
De forma simultânea, o país caribenho pediu o retorno imediato de seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell, para expressar seu descontentamento.
De acordo com o Ministério de Relações Exteriores venezuelano, as medidas que alimentam a crise diplomática entre as nações historicamente aliadas decorrem pelo fato do Brasil não ter reconhecido os resultados do pleito de 28 de julho que reelegeram Nicolás Maduro. Além disso, são uma resposta ao veto brasileiro que impediu a adesão da Venezuela como país parceiro do BRICS, no âmbito da 16ª Cúpula do bloco realizada na cidade russa de Kazan, há uma semana.

Ricardo Stuckert/PR
O governo venezuelano aprofundou a crise diplomática com o Brasil ao convocar seu embaixador em Brasília; trata-se de uma resposta ao veto brasileiro na 16ª Cúpula do BRICS, na Rússia, que impediu a adesão da Venezuela como país parceiro no bloco
O evento na Rússia não contou com a presença do presidente Lula, que cancelou sua viagem dias antes devido a um acidente doméstico. A delegação brasileira foi representada pelo ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira.
No mesmo dia em que foram convocados os embaixadores Macieira e Vadell, a Presidência da Assembleia Nacional da Venezuela anunciou que pretendia declarar Amorim como ‘persona non grata’ no país.
A decisão ocorreu após o diplomata apontar, durante uma comissão de relações exteriores da Câmara dos Deputados em Brasília, que “o princípio da transparência” do processo eleitoral venezuelano “não foi respeitado” e que, portanto, não reconhece o resultado do pleito. Também afirmou não reconhecer a vitória que a oposição atribui ao ex-candidato Edmundo González.
Somado a isso, o presidente do Parlamento, Jorge Rodríguez, sustentou que, em uma visita que Amorim fez recentemente à capital venezuelana, ele “parecia mais um enviado do conselheiro dos Estados Unidos” que do Brasil. Isso porque Caracas alega que o representante brasileiro teria tido vários encontros com Jake Sullivan, membro do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, às vésperas das eleições venezuelanas.























