Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Alejandro Gallardo, negou nesta quarta-feira (15/10) as declarações do candidato à Presidência, Rodrigo Paz (Partido Democrata Cristão – PDC), que acusou o atual mandatário, Luis Arce, de esconder combustível e propositalmente não atender à demanda energética do país.

Falando da fábrica de Palmasola, em Santa Cruz, onde supervisionou o envio de caminhões-tanque de combustível para diferentes regiões do país, o ministro disse que as afirmações do político de direita “são completamente falsas”.

“Neste momento, os caminhões-tanque estão saindo das usinas; estamos cumprindo nosso cronograma de distribuição e atendendo à demanda da melhor forma possível”, afirmou, citado pela Agência Boliviana de Informação (ABI).

Gallardo disse que Paz chegou a participar de uma reunião com o governo Arce, na qual foi explicada a “situação crítica de abastecimento” que o país enfrenta. “Ele sabe perfeitamente que estamos trabalhando em condições extremas”, declarou sobre o presidenciável.

Gallardo ainda lamentou que Paz tentou “fazer política com a dor das pessoas”, e pediu que os atores eleitorais sejam responsáveis.

“Estamos fazendo enormes esforços para alcançar todos os cantos do país com a limitada moeda estrangeira que temos. Este não é o momento de espalhar desinformação ou explorar uma situação delicada para obter ganhos eleitorais”, acrescentou, segundo a ABI.

Segundo dados oficiais, a Bolívia precisa entre US$ 55 e US$ 60 milhões (entre (R$280 e R$ 309 milhões) milhões para garantir um fornecimento regular de combustível. Contudo, o governo Arce culpa a Assembleia Legislativa na demora da aprovação para empréstimos internacionais para que essas compras sejam realizadas.

“Continuamos operando no nosso limite. A Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos [estatal boliviana para exploração de petróleo e derivados] está trabalhando incansavelmente, mas sem recursos suficientes, não é possível garantir um fornecimento completo e estável. Esperamos que a Assembleia aja com responsabilidade e não bloqueie ainda mais os créditos urgentes para o país”, acrescentou Gallardo.

Paz ameaça processar Arce

Na última terça-feira (14/10), em comício presidencial antes do segundo turno eleitoral, marcado para o próximo domingo (18/10), o candidato presidencial Rodrigo Paz culpou o presidente boliviano Luis Arce pela escassez de combustível, ameaçando entrar com uma ação judicial contra o presidente.

“Ordeno ao presidente, como boliviano, que libere os hidrocarbonetos [que derivam os combustíveis], tanto gasolina quanto diesel”, ordenou o candidato.

Com Rodrigo Paz e Jorge Tuto Quiroga, segundo turno presidencial na Bolívia acontece no próximo domingo (18/10)
Rodrigo Paz Pereira/X

Em sua fala, acusou o governo Arce de armazenar os combustíveis “para criar ansiedade na população e na democracia”, com o objetivo de causar incerteza e agitação social.

O político do PDC ainda afirmou que, se eleito, apresentará acusações contra Arce pelo que descreveu como um “ataque às necessidades humanas do povo boliviano”.

“Não sei quais são os acordos dele com Jorge Tuto Quiroga [seu rival no pleito presidencial]”, disse Paz, sem apresentar provas. “Mas conosco ele não ficará impune. Quando, por vontade popular, tomarmos posse, lançaremos luz sobre esses ataques às necessidades humanas dos bolivianos”, declarou

O candidato do PDC pediu que Arce e Quiroga “parem de brincar de política com o sofrimento do povo” e reiterou que suas propostas presidenciais oferecem uma solução imediata para a escassez.

“Quando assumirmos o poder, gasolina e diesel estarão disponíveis imediatamente. Se presidente Arce quiser uma solução, nós a daremos imediatamente. Que ele aja e pare de prejudicar o país”, insistiu.

Cenário eleitoral

A escassez de combustível na Bolívia está afetando até mesmo o processo eleitoral. Menos de uma semana antes do segundo turno presidencial, Gustavo Ávila, membro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), relatou que há dificuldades na distribuição das 34 mil urnas devido à escassez de combustível.

Rodrigo Paz (PDC) e Jorge Tuto Quiroga, da Aliança Liberdade e Progresso (ADN), são os dois candidatos presidenciais nas eleições do próximo domingo na Bolívia. Ambos são da direita.

Paz, que é senador, foi o mais votado do pleito, com 32,7% dos votos, enquanto Quiroga, que atuou como presidente entre 2001 e 2002, obteve 27,2%.

O cenário configura o primeiro segundo turno da história política do país, modalidade instituída na Constituição de 2009. Desde então, os candidatos que governaram o país, todos do Movimento ao Socialismo (MAS), sempre garantiram suas vitórias nos primeiros turnos.

O resultado colocou fim a 20 anos de governo da esquerda comandados pelo partido Movimento ao Socialismo (MAS), que chegou a este pleito com a aliança entre o presidente Luis Arce e o líder indígena Evo Morales rachada.

Após o racha, Arce — que não disputou a reeleição — também não conseguiu promover seu candidato Eduardo del Castillo. Já Morales incentivou sua base popular ao voto nulo em protesto por ter sido impedido pelo Tribunal Constitucional de concorrer à Presidência novamente.

(*) Com Prensa Latina, TeleSUR e informações de El País