Georgianos protestam a favor da adesão à União Europeia; entenda o que está acontecendo
Manifestantes tomaram as ruas da Geórgia após governo anunciar a suspensão das negociações para entrar ao bloco até 2028
Protestos em massa tomaram as ruas da Geórgia pelo quarto dia consecutivo no último domingo (01/12), após o governo anunciar a suspensão das negociações de adesão à União Europeia até 2028. As manifestações, que começaram pacificamente, rapidamente se intensificaram, resultando em confrontos com a polícia em várias partes do país.
A atual presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, última a ser eleita diretamente pelos cidadãos devido à transição do país para um sistema parlamentar, afirma que os protestos refletem o descontentamento crescente com a postura do governo liderado pelo partido Sonho Georgiano.
Críticos acusam o partido de adotar uma agenda cada vez mais autoritária e alinhada aos interesses de Moscou; Zourabichvili, que defende a integração da Geórgia com o Ocidente, afirmou que a insatisfação popular seria uma resposta à direção política do governo.
Conforme a agência Al Jazeera, o Ministério do Interior da Geórgia informou que, durante os confrontos, 21 policiais ficaram feridos, enquanto cerca de 44 pessoas foram hospitalizadas.
A oposição, em grande parte apoiada pela presidente, exige que o governo retome as negociações com a União Europeia, ressaltando que a decisão representa um retrocesso significativo nas aspirações europeias do país.
Os protestos surgiram em resposta à suspensão das negociações anunciada na quinta-feira (28/11) pelo governo, que postergará o processo até 2028.
A decisão se seguiu a uma resolução do Parlamento Europeu que criticou as eleições parlamentares de outubro de 2023, as quais, segundo observadores internacionais, “não teriam sido livres nem justas”.

As manifestações, que começaram pacificamente, rapidamente se intensificaram, resultando em confrontos com a polícia em várias partes do país
Ezz Gaber/X
O que está acontecendo na Geórgia?
A Geórgia, que foi parte da União Soviética até 1991, tem buscado ao longo dos anos aprofundar suas relações com países fora da esfera russa, especialmente com a União Europeia.
Com uma parte significativa de seu território ainda sob ocupação russa, o país vê na adesão à UE uma forma de garantir maior segurança frente às ações de Moscou em suas fronteiras.
A oposição e a presidente Zourabichvili acusam o partido governista de ceder à pressão russa e afastar o país dos valores democráticos que a União Europeia representa.
O Sonho Georgiano, fundado pelo oligarca Bidzina Ivanishvili, já se viu em conflito com as aspirações de adesão europeia da Geórgia, especialmente após a aprovação de leis polêmicas que restringem a liberdade de expressão e os direitos das minorias, incluindo a comunidade LGBTQ+.
Por que a Geórgia quer entrar para a UE?
A adesão à União Europeia tem sido uma prioridade para a Geórgia desde o fim da União Soviética, com uma Constituição que assegura o compromisso com a integração à UE e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), das quais ainda não faz parte.
O conflito armado entre o país e a Rússia em 2008 resultou na perda de territórios, e ainda soa como uma lembrança amarga para o país, tornando a entrada na UE e na OTAN uma necessidade para garantir proteção contra novas agressões.
A promessa de adesão à União Europeia também é vista como uma forma de fortalecer a economia do país, acessando fundos e programas de assistência econômica que poderiam acelerar o desenvolvimento. No entanto, o apoio interno à adesão à UE tem diminuído nos últimos anos, especialmente com o crescente apoio de uma parte da população à aproximação com a Rússia.























