Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A abertura da Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei) contou com um protesto pró-Palestina na quarta-feira (06/08). Após a Prefeitura de São Paulo cancelar unilateralmente a realização do evento na Praça das Artes — que pertence ao complexo cultural do Theatro Municipal —, a Flipei ocorrerá majoritariamente no Galpão Elza Soares, no centro da capital.

A mesa de abertura foi marcada por bandeiras palestinas no galpão do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que acolheu o evento, e pela presença de kufiyyas (lenços tradicionais palestinos). No palco, estiveram o historiador judeu israelense Ilan Pappe — cuja participação na Flip de Paraty sofreu oposição de organizações sionistas — e o ativista brasileiro Thiago Ávila, preso e deportado por Israel junto com Greta Thunberg. A mediação foi da jornalista Soraya Misleh.

“Mudamos para este lugar parcialmente por minha causa, mas não nos curvaremos ao terror contra o povo palestino”, declarou Pappe. O cancelamento do espaço pela prefeitura horas após a confirmação da mesa do historiador na Flip levantou suspeitas de pressão política. A organização da Flip admitiu ter recebido pedidos de grupos pró-Israel para que Pappe fosse acompanhado por um historiador sionista.

No debate, o público entoou palavras de ordem como “Sionistas, fascistas, não passarão!” e “Do rio ao mar, Palestina livre já!”. Durante a fala de Pappe, alguém gritou “Viva o Hamas!” — que não virou coro, segundo a Folha de S.Paulo.

“Os defensores do genocídio são poderosos. Precisamos nos perguntar: podemos fazer mais para parar o extermínio promovido pela elite sionista?”, questionou o historiador. Pappe defendeu sanções internacionais a Israel e pressionou governos: “O Brasil, menos pior que outros, deve liderar essa pressão. EUA e UE são patronos do apartheid e da limpeza étnica”.

Mesa de abertura da Flipei, 'Genocídio Sionista e Resistência na Palestina' reuniu o historiador judeu israelense Ilan Pappe, o ativista brasileiro Thiago Ávila e a mediadora Soraya Misleh

Mesa de abertura da Flipei, ‘Genocídio Sionista e Resistência na Palestina’ reuniu o historiador judeu israelense Ilan Pappe, o ativista brasileiro Thiago Ávila e a mediadora Soraya Misleh
@fundacaolcmf | X

Ele argumentou por um Estado único para judeus e palestinos: “Ser judeu não significa ser sionista. Há judeus em todo o mundo lutando pela descolonização da Palestina.” E finalizou: “Veremos a Palestina livre, do rio ao mar”.

Censura do lobby sionista

A Prefeitura de São Paulo cancelou a cessão da Praça das Artes para a Flipei (06-10/08) sob alegação de “uso político do espaço público”. A Fundação Theatro Municipal (FTM) afirmou que o evento violava princípios de “neutralidade administrativa”.

Os organizadores denunciaram censura ideológica, atribuindo o veto ao lobby sionista, já que a programação incluía debates sobre a Palestina com Pappe e Thiago Ávila — este, integrante da Flotilha da Liberdade, preso por Israel ao tentar levar ajuda a Gaza.

Em ofício, o diretor da FTM, Abrão Mafra, alegou que a Flipei contrariava a “impessoalidade da administração pública”. A edição de 2024 do evento aborda temas como o genocídio em Gaza e a resistência palestina.