Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O senador direitista Flávio Bolsonaro (PL-RJ) participou mais cedo neste domingo (21/09) da tradicional festa anual da Liga (sigla populista de direita italiana, liderada por Matteo Salvini), em Pontida, no norte da Itália.

Flávio abriu e encerrou seu discurso em italiano, mas fez seu pronunciamento em português acompanhado por uma intérprete que se atrapalhou em alguns momentos com a tradução. O parlamentar falou por cerca de cinco minutos e usou grande parte do tempo para atacar a imprensa, não só a brasileira, e o Supremo Tribunal Federal (STJ).

O senador responsabilizou a imprensa por episódios de violência política, afirmando que a “grande mídia mente” sobre os políticos de direita, pedindo que parem de os “chamar de extremistas”, pois “estão alimentando o ódio contra nós”.

“Vocês têm parcela de responsabilidade na facada de Jair Bolsonaro, no tiro contra (Donad) Trump e no assassinato de (Charlie) Kirk. Por influência de vocês, verdadeiros extremistas acreditavam que estavam fazendo algo de bom em nos matar”, disse.

O discurso em Pontida deixa claro que a estratégia bolsonarista é articular uma rede com a extrema direita europeia, utilizando eventos carregados de simbolismo histórico, como o da Liga, para amplificar suas críticas ao Judiciário e reforçar a narrativa de vitimização diante da opinião pública internacional.

Realizada sempre em setembro, a festa de Pontida é considerada o momento mais simbólico da Liga e um espaço central de articulação política da ultradireita europeia. O evento combina forte apelo identitário, com bandeiras e lemas nacionalistas, e serve como vitrine internacional para líderes que buscam projetar influência além de suas fronteiras. No plano da extrema direita europeia, Pontida funciona como um palco de unificação de discursos contra imigração, União Europeia, feminismo e globalização.

flavio bolsonaro

Flávio Bolsonaro em frente ao condomínio onde seu pai cumpri prisão domiciliar
Bruno Peres/Agência Brasil

Nesta edição, a festa reuniu aliados da ultradireita europeia, como o espanhol Santiago Abascal (Vox), que enviou mensagem em vídeo, e Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, também por vídeo. Entre os presentes fisicamente, estiveram além de Flávio e o francês Jordan Bardella (Reagrupamento Nacional), que discursou pouco antes de Salvini no encerramento do encontro.

O senador brasileiro recorreu ao lema “Deus, Pátria, família e liberdade” para sustentar que o Brasil teria perdido soberania com a esquerda no poder. “Estão comprando o país inteiro, mas nós da direita vamos lutar para que nossa bandeira verde e amarela nunca se torne a vermelha do comunismo”, disse.

Flávio repetiu suas críticas ao ministro Alexandre de Moraes, a quem acusou de perseguir toda a direita brasileira. E também citou os casos de Carla Zambelli e do advogado Eduardo Tagliaferro, que estão na Itália. Segundo o senador, ambos teriam vindo ao país por segurança. “Peço que a Itália não mande eles de volta ao Brasil. A Zambelli lá poderá morrer na cadeia injustamente”.

A participação de Flávio Bolsonaro em Pontida encerrou uma série de atividades na Itália. Na sexta-feira (19/09), ele e os senadores Magno Malta, Damares Alves e Eduardo Girão visitaram Zambelli no presídio de Rebibbia, em Roma, onde se encontra desde julho aguardando seu processo de extradição ao Brasil.

No sábado (20/09), Flávio e Malta estiveram em um evento organizado por apoiadores de Jair Bolsonaro na capital italiana. O objetivo, segundo organizadores, é dar visibilidade internacional às denúncias de “perseguição política” no Brasil e levar solidariedade a Zambelli.