Extrema direita lidera preferência entre os franceses, afirma pesquisa
Dados do Ipsos apontam que 22% se declaram simpatizantes do Reagrupamento Nacional, enquanto 8% se identificam com partidos de esquerda
A extrema direita conquistou a preferência dos eleitores franceses em meio a crise política no país. É o que revela a pesquisa “Fraturas francesas”, realizada pelo Instituto Ipsos em parceria com Le Monde, Fundação Jean Jaurès, Cevipof e Instituto Montaigne.
A pesquisa mostra que a confiança dos franceses nos partidos políticos está em seu nível mais baixo — apenas 10% dos entrevistados dizem confiar neles —, em contraposição, o peso das legendas nunca foi tão grande desde o início da Quinta República.
Em artigo publicado no Le Monde, Gilles Finchelstein, secretário-geral da Fundação Jean Jaurès, apresentou os resultados da sondagem, apontando uma “extrema ‘direitização’ das preferências partidárias”. O partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), liderado por Jordan Bardella e Marine Le Pen, consolidou-se como o partido preferido dos franceses e é apontado como “favorito da eleição presidencial de 2027”.
A pesquisa compara dados entre 2020 e 2025, revelando que 22% dos franceses se declaram simpatizantes do RN, enquanto apenas 8% se identificam com o Partido Socialista (PS) ou com a France Insubmissa (LFI). Cerca de 6% preferem o Renascimento ou os Republicanos (LR). Já os Ecologistas caíram para 5%, e os demais partidos não passam de 3%.
O estudo também mostra uma mudança significativa no posicionamento ideológico da sociedade francesa. De acordo com Finchelstein, “28% dos franceses se posicionam à esquerda e 41% à direita”, com uma forte migração do centro para posições mais conservadoras.
Em relação ao presidente francês Emmanuel Macron, Le Monde destaca que 58% dos entrevistados apoiam sua renúncia, em comparação com 52% em 2024. A perspectiva de dissolução da Assembleia Nacional também conta com forte apoio: 43% dos entrevistados querem novas eleições legislativas, um aumento de 12 pontos percentuais em relação a 2024.

Extrema direita lidera preferência entre os franceses, afirma pesquisa
Reprodução vídeo / X @MLP_officiel
Favoritismo para 2027
Essa tendência à extrema direita, afirma Finchelstein, refuta as teses que negam a “direitização” da França e confirma que “a direita é hoje o polo dominante da sociedade francesa”. Em comparação com 2020, a esquerda recuou ligeiramente (−2 pontos) e a direita fez progressos significativos (+6,5 pontos).
Segundo o levantamento, 38% dos franceses consideram a sociedade proposta pelo RN como “a mais desejável”, cinco pontos à frente do PS. Em 2020, a legenda recebeu apenas 27% de apoio e ficou em quinto lugar.
No critério de “credibilidade”, o partido de Marie Le Pen detém 47%, praticamente empatado com os Republicanos, mas 17 pontos à frente do partido de Emmanuel Macron, o Renascimento. “Esses números deveriam fazer refletir todos aqueles que, à direita, acreditam ser eficaz combater o RN com base na competência e não nos valores”, argumenta Finchelstein.
O secretário-geral da Fundação Jean Jaurès também mencionou a comparação da percepção pública sobre os dois polos considerados “extremos” na política francesa: o RN e a LFI. Embora 66% dos entrevistados vejam o RN como “partido de extrema direita” e 70% identifiquem a LFI como “extrema esquerda”, há diferenças importantes: “50% consideram o RN um partido que incita à violência, contra 68% no caso da LFI; e 49% acham o RN perigoso para a democracia, contra 64% para a LFI.”
Para Finchelstein, o dado reflete uma inversão recente, resultado da entrada expressiva dessas duas forças no Parlamento. Em sua avaliação, o front republicano que barrou o RN em 2024, funcionou apenas por percepção de urgência. Diante dos novos números, “é preciso olhar a realidade como ela é: o RN é hoje o favorito da próxima eleição presidencial”, avalia.























