Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Em entrevista realizada nesta segunda-feira (28/10) à rádio argentina 750 AM, o ex-presidente boliviano Evo Morales relatou o ataque a tiros contra o seu carro ocorrido no dia anterior, nas proximidades da cidade de Shinahota, na região central do país.

Segundo Morales, a responsabilidade pelo ataque é do atual presidente da Bolívia, Luis Arce. “Foram tantos tiros, eles me intimidaram, me torturaram, mas isso nem é o pior, pois esta ação vem de ninguém menos que do Luis Arce”, comentou o ex-mandatário.

Em outro momento da entrevista, o líder indígena disse que o atual governante tenta impedir que ele concorra nas eleições presidenciais marcadas para agosto de 2025.

“O governo de Luis Arce está totalmente envolvido no ataque. Há muito tempo que falam em me matar. Quando Arce voltou da Rússia, reuniu-se com ministros do governo, o povo estava unido em uma rebelião indígena. Irritado, ele disse aos ministros que para acabar com o Movimento ao Socialismo (MAS) era preciso matar Evo”, contou Morales.

Vale lembrar que o MAS é o partido ao qual fazem parte tanto Morales quanto Arce, que foi ministro da Economia dos governos evistas, entre 2006 e 2017. Atualmente, o partido está dividido entre o grupo pró-Evo e o grupo pró-Arce, que disputam não somente a liderança do conglomerado como a nomeação de um dos dois como candidato presidencial no próximo ano.

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Ex-presidente boliviano Evo Morales acusou atual mandatário Luis Arce de querer matá-lo

“O povo está conosco. Meu crime foi ter convocado uma marcha (realizada há um mês) para salvar a Bolívia do governo de Arce, que está atolado na corrupção, na má gestão e na proteção ao tráfico de drogas”, acusou Morales, em outro momento da entrevista.

Versão do governo

Por sua parte, o ministro porta-voz do governo boliviano, Eduardo del Castillo, admitiu que o ataque contra o carro do ex-presidente Evo Morales foi realizado pela polícia, mas alegou que os disparos teriam sido uma reação a uma suposta ameaça anterior dos seguranças do líder indígena, que teriam iniciado o tiroteio, segundo essa versão.

“A polícia rodoviária pediu para o carro reduzir a velocidade, os agentes envolvidos se identificam, mas nesse momento o carro (onde estava Evo) acelerou e os seguranças sacaram armas, e começaram a atirar, a polícia respondeu da mesma forma”, disse Del Castillo, em coletiva realizada nesta mesma segunda-feira, horas depois da entrevista de Morales.

O porta-voz também informou que o governo pretende acusar Evo na Justiça por tentativa de assassinato contra policiais e por evasão a um controle policial.