Terça-feira, 16 de dezembro de 2025
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Durante encontro com o presidente boliviano, Evo Morales, o secretário-adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos, Thomas Shannon, garantiu hoje (21) que seu país irá agilizar a extradição do ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, ex-ministros e militares de alta patente acusados de envolvimento no massacre da “Guerra do Gás”, que matou 67 pessoas em outubro de 2003. A reunião oficial foi a primeira estabelecida entre os dois países desde a posse do presidente Barack Obama e visou também estabelecer melhores relações diplomáticas.

Para que o julgamento de Sánchez de Lozada e de outros 17 membros de seu governo, é necessário que os réus exilados voltem a Bolívia para comparecer ao tribunal. O acordo de cooperação jurídica é o primeiro selado entre uma série de assuntos que devem ser tratados nos próximos dias.

Iván Canelas, porta-voz do governo boliviano, disse em entrevista ao Opera Mundi que o encontro entre o presidente e Shannon durou quase duas horas. “Foi um diálogo franco e difícil. Mas os dois lados estão dispostos a recuperar a relação, a organizar o que foi desfeito quando Bush governava os Estados Unidos”.

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Shannon está na Bolívia desde terça-feira (19), acompanhado por uma comissão dos Estados Unidos. Os outros objetivos da visita são discutir soluções para os problemas do continente, a cooperação, estabelecer metas de abertura de mercado, a responsabilidade recíproca na luta contra o narcotráfico e a possibilidade da retomada da ATPDEA (Lei de Promoção Comercial Andina e Erradicação de Drogas).


Otimismo

 

O responsável pela política latino-americana do governo Obama chegou otimista a Bolívia. No aeroporto internacional de El Alto, afirmou que esperava grandes resultados do encontro. “Temos interesses em comum e temos que buscar maneiras de fortalecê-los, além de encontrar alternativas para lidar com as diferenças. Isto exige uma diplomacia criativa, mas que deve manter um diálogo fluido e aberto” disse.

Na avaliação do diplomata norte-americano, é perceptível a “boa vontade” do governo da Bolívia com a delegação dos Estados Unidos.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que “há sinais positivos” para uma nova relação com os Estados Unidos, mas que deve ser retomada sem “subordinação”.

Diálogo desgastado

A relação entre os dois países foi rompida em setembro de 2008, quando Morales expulsou o embaixador norte-americano na Bolívia, Philip Goldberg, acusado de conspirar com a oposição contra o governo. Em resposta, os Estados Unidos retiraram o embaixador boliviano, Gustavo Guzmán. Desde então, as embaixadas ficaram sem representantes.

Canelas informou que a reposição dos embaixadores ainda é um tema pendente, mas que será retomado em breve.

Morales também acusou a CIA de conspirar contra as políticas energéticas. Em novembro, determinou a saída da DEA (a agência de combate às drogas) do território boliviano.

O então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush determinou a suspensão do ATPDEA (Acordo de Preferências Tarifárias e Erradicação de Drogas na região Andina) o que teria afetado as exportações bolivianas, de acordo com o Instituto Boliviano de Comercio Exterior (IBCE).

O ministro de governo da Bolívia, Alfredo Rada, já anunciou que apesar dos sinais de uma nova relação com Estados Unidos, a DEA não poderá voltar ao país. Segundo ele, a Bolívia já criou mecanismos próprios para combater às drogas.

Ivan Canelas destacou que, mesmo com a recusa da DEA, houve um “avanço das vias diplomáticas e do diálogo”. O porta-voz de Morales afirmou que a Bolívia jamais vai renunciar à autonomia para resolver os assuntos internos, ao referir-se ao motivo que levou a Bolívia a dispensar a ajuda da DEA. 

Relações comerciais

Os empresários bolivianos fizeram pedidos oficiais ao governo para que a ATPDEA seja retomada. No final de 2008, o setor afirmava que 500 empresas e pelo menos 25 dependiam da preferência tarifária, só em La Paz, a região mais afetada.

De acordo com dados da Câmara de Exportadores de La Paz, a Bolívia exportava em média 377 milhões de dólares por ano para o mercado norte-americano. Estima-se que pelo menos 40% do total eram produtos com preferências tarifárias.

No caso da Bolívia, a ATPDEA beneficiava os setores têxtil e de couro.

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