EUA e Panamá querem nova intervenção armada no Haiti
Proposta inclui enviar força militar para deter membros de gangues do país e travar escalada de violência
Os governos dos Estados Unidos e Panamá apresentaram um projeto de resolução ao Conselho de Segurança das Nações Unidas propondo a criação de uma Força de Supressão de Gangues (GSF) para combater a crescente insegurança alimentada por grupos criminosos que se expandem da capital haitiana para cidades do interior.
A solicitação prevê a autorização de uma intervenção armada de 5.550 homens em Porto Príncipe, conforme relatado na quinta-feira (04/09) pelo jornal britânico The Independent. De acordo com a agenda das Nações Unidas, está prevista uma reunião nesta quinta-feira (05/09).
Os dois países afirmam, no documento dirigido ao Conselho de Segurança, que as novas propostas visam transformar a força multinacional liderada pelo Quênia, atualmente em atuação no Haiti, em um contingente muito mais numeroso.
Os primeiros efetivos quenianos chegaram ao território haitiano em junho de 2024 e a missão deveria contar com 2.500 soldados, mas tem sido prejudicada pela carência de financiamento, e seu efetivo atual é inferior a 1.000 militares.
As organizações criminosas ganharam poder desde o assassinato do então presidente Jovenel Moïse em 2021 e agora controlam 90% da capital, de onde expandem suas atividades — incluindo saques, sequestros, agressões sexuais e estupros — para o interior.
A proposta de resolução expressa apreço ao Quênia por liderar a força multinacional, mas reafirma a conclusão do secretário-geral António Guterres, de fevereiro, de que ela não foi capaz de acompanhar a expansão dramática das gangues e necessitava ser ampliada.
A embaixadora interina dos EUA, Dorothy Shea, anunciou em 28 de agosto que os Estados Unidos buscavam autorização da ONU para uma nova “Força de Supressão de Gangues”. Embora os membros, particularmente países das Américas, tenham demonstrado forte apoio à resolução, ainda não está claro se o governo norte-americano fornecerá apoio militar ou policial à nova GSF.

Missão de Paz no Haiti realizada pela Marinha brasileira
Flickr / Marinha do Brasil
O Haitian Times também informa que não está claro como a nova força se diferenciará da Missão de Apoio Multinacional à Segurança (MSS), liderada pelo Quênia e atualmente implantada no país, ou se o Quênia e os demais países contribuintes — Bahamas, El Salvador, Belize, Guatemala e Jamaica — permanecerão como parte dela.
Segundo o veículo britânico Independent, o texto autorizaria os integrantes da nova força a “conduzir operações antigangues independentes, orientadas por inteligência, para neutralizar, isolar e dissuadir gangues que continuam a ameaçar a população civil, violar os direitos humanos e minar as instituições haitianas”.
A GSF também forneceria segurança para infraestruturas críticas, incluindo aeroportos e portos, escolas e hospitais, em conjunto com a polícia e as forças armadas haitianas, “para combater o tráfico ilícito e o desvio de armas e materiais relacionados”.
O mandato do Conselho de Segurança da ONU para a força militar liderada pelo Quênia termina em 2 de outubro. Os membros do conselho devem votar o projeto de resolução dos EUA e do Panamá no final de setembro.
A Embaixadora Interina Shea instou os membros do Conselho de Segurança da ONU a apoiarem o “novo caminho rumo à paz e à segurança”. Ela também apelou à comunidade internacional para que “se sente à mesa e se junte aos Estados Unidos, ao Panamá e a outros países que demonstraram seu compromisso com a segurança do Haiti, em uma partilha significativa de responsabilidades para ajudar a promover a estabilidade no Haiti”.























