Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

Os Estados Unidos e o Japão assinaram, na terça-feira (22/07), um novo acordo comercial que reduz tarifas sobre produtos japoneses, especialmente automóveis, e abre caminho para a entrada de arroz norte-americano no mercado japonês. O anúncio foi feito durante a madrugada e classificado como “enorme” pelo presidente Donald Trump, que liderou as negociações.

O acordo prevê a redução das tarifas aduaneiras sobre automóveis japoneses de 25% para 15%, o que representa um alívio significativo para a indústria automobilística do Japão – quarta maior economia do mundo e altamente dependente de suas exportações para os Estados Unidos.

A medida foi recebida com entusiasmo pelos mercados. Nesta quarta-feira (23/07), as ações de montadoras como Toyota, Honda e Nissan abriram em alta na Bolsa de Tóquio, com a Toyota registrando valorização de 15% desde o anúncio.

Alívio para o setor automotivo

A indústria automobilística japonesa é a principal beneficiária do acordo. Um terço das exportações do Japão para os EUA corresponde a veículos, e cada ponto percentual de tarifa representa milhares de dólares por unidade. A redução de 10 pontos percentuais nas tarifas contribui para que os fabricantes mantenham sua competitividade no mercado norte-americano, especialmente em um cenário de incerteza global.

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, destacou que a tarifa de 15% sobre os direitos aduaneiros pagos aos Estados Unidos é a mais baixa entre os países com superávit comercial em relação aos norte-americanos. Trump ameaçava impor em 1° de agosto uma sobretaxa de 25% sobre produtos japoneses, o que torna a decisão final uma redução significativa.

A notícia trouxe alívio ao setor automotivo do Japão. As exportações de veículos para os EUA haviam caído 25% em maio e junho, mas, com o novo acordo, as ações das montadoras registraram alta na Bolsa de Tóquio.

Primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba
Prime Minister’s Office of Japan

Concessões e tensões persistentes

Apesar do avanço, o acordo não resolve todos os pontos de tensão. O Japão concordou em abrir parcialmente seu mercado agrícola ao arroz norte-americano, uma decisão politicamente delicada. O arroz é um símbolo cultural e econômico no país, e a possibilidade de importações preocupa os produtores locais. Por outro lado, consumidores japoneses, afetados pela alta de preços – o arroz japonês dobrou de valor em um ano –, veem a medida com bons olhos.

Além disso, o aço e o alumínio continuam sendo taxados em 50%, evidenciando que o acordo é apenas parcial. Esses setores permanecem como pontos sensíveis nas relações comerciais entre os dois países.

Impacto político no Japão

O momento do anúncio também tem implicações políticas. O primeiro-ministro japonês, Ishiba, enfraquecido por derrotas eleitorais recentes, teria usado a conclusão do acordo como uma última cartada para tentar recuperar apoio. No entanto, a imprensa japonesa já especula que ele deverá apresentar sua renúncia no próximo mês.

Estratégia dos EUA

Para Washington, o acordo representa um passo estratégico na correção do déficit comercial com o Japão e no fortalecimento de alianças na Ásia. A iniciativa faz parte de uma abordagem mais agressiva adotada por Donald Trump em sua política comercial, que inclui negociações em andamento com a União Europeia e a China.