‘Eu amo Hitler’: vazamento de mensagens racistas entre jovens pró-Trump gera escândalo nos EUA
Pelo Telegram, lideranças da Geração Z e millennials republicanos chamam negros de ‘macacos’, fazem apologia ao nazismo e defendem escravidão
Com conteúdo racista, misógino e antissemita, conversas pela plataforma Telegram que incluíam lideranças do grupo de Jovens Republicanos, nos Estados Unidos, foram vazadas na noite de terça-feira (14/10) e publicadas pelo portal norte-americano Politico. Na troca de mensagens, participantes se referiam à população negra como “macacos”, ofendiam o “povo da melancia” em referência aos ativistas pró-Palestina e defendiam a imposição dos alegados “oponentes políticos” em câmaras de gás. Houve também menção a crimes como estupro, indução ao suicídio e escravidão.
Os Jovens Republicanos são uma organização nacional de base universitária do Partido Republicano que tem cerca de 15 mil integrantes, com idades entre 18 e 40 anos. Muitos deles patrocinam eventos sociais e de networking, auxiliando candidatos conservadores e causas políticas pró-Trump.
Em suas falas, o vice-presidente dos Jovens Republicanos de Kansas, William Hendrix, usa as palavras “nigga” e “nigguh”, variações de insulto racial. Já Bobby Walker, ex-vice-presidente da organização por Nova York, descreve o estupro como algo “épico”.
Em junho, Peter Giunta, ex-presidente do grupo também pelo estado novaiorquino, escreveu que “qualquer um que votar não irá para a câmara de gás”, referindo-se ao pleito que estava previsto para eleger a nova Presidência dos Jovens Republicanos. “Vou criar alguns dos maiores métodos de tortura fisiológica conhecidos pela humanidade. Queremos apenas verdadeiros crentes”, continuou. Declarou “eu amo Hitler”, em dado momento.
Em resposta, o então conselheiro geral dos Jovens Republicanos por Nova York, Joe Maligno, disse: “Podemos consertar os chuveiros? As câmaras de gás não se encaixam no senso estético de Hitler”. Em seguida, Annie Kaykaty, membro do comitê nacional de Nova York, afirma estar “pronta para ver as pessoas queimarem”.

Edição de mensagens trocadas pelos membros dos Jovens Republicanos, vazadas pelo portal Politico, que incluem falas racistas, misóginas e antissemitas
Reprodução/Politico
Segundo o Politico, as conversas totalizam cerca de 2.900 páginas, e elas foram realizadas entre uma dúzia de republicanos “millennials” e da “geração Z” desde o início de janeiro até meados de agosto. O veículo norte-americano explica que elas ocorreram no âmbito de uma campanha para assumir o clube dos Jovens Republicanos.
Vazadas as mensagens, o ex-chefe da organização Giunta falou em “conspiração” e acusou Gavin Wax, o atual presidente dos Jovens Republicanos, pela suposta entrega das conversas.
“O mais triste é que, apesar do meu apoio inabalável ao presidente Trump desde 2016, alguns membros de sua administração, incluindo Gavin Wax, participaram dessa conspiração para me destruir em público, simplesmente porque eu os desafiei em particular”, disse.
A maioria dos membros do bate-papo tem cargos políticos, sendo que um atua como senador estadual. Michael Bartels é o único que trabalha para o governo Trump, como conselheiro sênior no escritório de assessoria jurídica da Administração de Pequenas Empresas dos EUA, segundo sua conta no LinkedIn.
O escândalo tomou proporção nacional, e democratas e republicanos pediram que os membros perdessem seus empregos e renunciassem a quaisquer cargos dentro do Partido Republicano.























