Equipe de Trump propõe reverter descarbonização do setor automotivo
Novo governo dos EUA quer fim de subsídios aos carros elétricos e insumos, reverter recursos e taxar produtos chineses
Assessores do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, recomendaram cortes nos subsídios aos veículos elétricos e às suas estações de recarga.
Com isso, o próximo governo a ocupar a Casa Branca visa e o endurecimento das restrições à importação de carros, componentes e materiais de bateria da China.
As propostas incluem ainda eliminar o crédito tributário de US$ 7.500 dólares que Joe Biden havia estabelecido para compras de veículos elétricos.
É o que informa um documento a que teve acesso a agência de notícias Reuters.
O conjunto de medidas foi elaborado por uma equipe de transição incumbida por Trump de elaborar uma estratégia que possibilite uma rápida mudança nas políticas para o setor automotivo.
Na campanha eleitoral, ele havia prometido aliviar as regulamentações sobre carros movidos a combustíveis fósseis e reverter os estímulos de Biden aos veículos elétricos.
Defesa nacional é a prioridade
Segundo as propostas do grupo, os recursos que eram dirigidos a incentivar o setor de veículos elétricos deveriam ser dirigidos à defesa nacional.
Ou seja, o dinheiro que hoje é destinado à construção de estações de recarga e a tornar os veículos elétricos mais acessíveis passaria a fluir para a indústria armamentista.
Em 2022, a área de defesa já absorvia 6% do PIB dos EUA. O país é responsável por mais da metade dos investimentos mundiais em armas e também é o maior exportador global.
Os recursos remanescentes do fundo de US$ 7,5 bilhões que Biden criou para construir estações de recarga deveria ser destinado, segundo o grupo, ao processamento de minerais para baterias e para a “cadeia de suprimentos de defesa nacional e infraestrutura crítica”.
Baterias são estratégicas
E se a inclusão das baterias no destino dos recursos parece uma concessão aos estímulos para o veículo elétrico, o documento esclarece que baterias, minerais e outros componentes são “essenciais para a defesa”, enquanto os próprios veículos elétricos e suas “estações de carga não são”.
Aliás, muitas das propostas do grupo visam estimular a produção doméstica de baterias, sobretudo para interesses da defesa.
Um relatório governamental de 2021 destacava que o setor militar afirmava que “fontes seguras de minerais e materiais (…) são críticas à segurança nacional”.
Sempre focado em defesa, o grupo propõe restringir a exportação de tecnologia de baterias para veículos elétricos para nações adversárias.
O contexto das recomendações é a estagnação da transição industrial dos EUA para veículos elétricos e uma produção chinesa subvencionada e pujante.
Aumentar produção doméstica
A recomendação da equipe trumpista é impor tarifas à importação à baterias e seus insumos de qualquer procedência.
Com isso, pretende impulsionar a produção doméstica e, só depois, negociar individualmente isenções ou reduções com os aliados.

Tom Ackroyd/Wikimedia commons
Estação de carga de veículo elétrico
As medidas afastam radicalmente os EUA do que estava sendo feito pelo presidente Biden. Seu governo incentivou a indústria doméstica de baterias, mas, ao mesmo tempo, impulsionou a transição para veículos elétricos.
As novas diretrizes devem representar um golpe na produção e nas vendas de veículos elétricos no país.
Isso num momento em que grandes montadoras instaladas no país – como GM e Hyundai – acabam de ampliar sua oferta nessa área.
Reverter regras de emissões
As medidas devem prejudicar, inclusive, as vendas da Tesla, maior vendedora de carros elétricos dos Estados Unidos.
Elon Musk, proprietário da empresa, investiu mais de 250 milhões de dólares na campanha de Trump. Ele se diz convencido de que perder subsídios prejudicará mais seus rivais.
A equipe de transição também propõe reverter a regulamentação sobre emissões de CO2 aos níveis de 2019. Isso representaria tolerar 25% mais emissões do que os limites estabelecidos para 2025.
O grupo recomenda ainda impedir a Califórnia de definir padrões de emissões mais rigorosos que os nacionais.
Trump fez isso no primeiro mandato, mas diversos outros estados seguiram o exemplo da Califórnia.
O estado planejava endurecer ainda mais suas restrições a partir de 2026. Pretendia que 100% da frota fosse de veículos elétricos, híbridos plug-in ou movidos a hidrogênio até 2035.
Mas a Agência de Proteção Ambiental do governo Biden não aprovou o plano.























