Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Dez operários africanos que dizem ter trabalhado sem documentos nas obras dos Jogos Olímpicos Paris-2024 entraram na justiça contra várias empresas da construção civil na França pedindo o “reconhecimento” do seu trabalho. 

A intimação perante o tribunal do trabalho visa quatro gigantes do setor: Vinci, Eiffage, Spie Batignolles e GCC, as principais empreiteiras das futuras instalações olímpicas, além de oito subempreiteiros que empregaram diretamente estes trabalhadores africanos, vários deles originários do Mali. 

Os dez trabalhadores, já regularizados, denunciam há vários meses a sua “exploração” nestas obras onde atuavam sem contrato de trabalho e sem receber folha de pagamentos. Eles exigem “o reconhecimento de contrato de trabalho”, conforme explicou o sindicalista Richard Bloch, que os acompanha no processo de regularização. 

“Pagamentos atrasados”

Nos autos apresentados em 31 de março, o sindicato e os trabalhadores exigem ainda o pagamento de salários atrasados, o reconhecimento de “desligamento sem causa real e grave” e que os mestres de obras que utilizaram esse trabalho irregular sejam responsabilizados.  

Trabalhadores africanos denunciavam exploração em obras onde atuavam sem contrato de trabalho e ou folha de pagamentos

Wikicommons

Construções para Jogos Olímpicos em Paris são abalados por escândalos de más condições de trabalho

Há um ano, o Ministério Público de Bobigny, perto de Paris, abriu uma investigação preliminar, em particular por “trabalho clandestino” e “quadrilha organizada de emprego de estrangeiros sem permissão”, depois que verificações permitiram identificar vários trabalhadores irregulares em um canteiro de obras olímpico. 

Após criticarem as violações de direitos humanos para a organização da Copa do Catar, os franceses acabaram descobrindo que as obras de preparação para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, acontecem com a exploração de trabalhadores estrangeiros ilegais na França.

A Olimpíada de Paris prometia ser exemplar – em 2018, o comitê organizador se engajou a “fazer respeitar as normas internacionais do trabalho” e impor condições “decentes” para aqueles que ajudarem a capital francesa a realizar o evento. Porém, os Jogos são abalados por escândalos no sentido contrário. As denúncias de más condições de contratação de trabalhadores estrangeiros se acumulam desde o ano passado.