Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente da Argentina, Javier Milei, foi atacado com pedras e garrafas por manifestantes durante uma carreata organizada por seu partido, La Libertad Avanza, na cidade de Lomas de Zamora, ao sul da capital Buenos Aires.

De acordo com o jornal argentino Pagina12, o evento foi realizado “na tentativa de chamar a atenção para a campanha [eleitoral] de Buenos Aires e tirar dos holofotes o escândalo dos pagamentos de propina na Agência Nacional para a Deficiência (ANDIS)”.

Pouco antes do ataque, da caçamba de uma picape, Milei declarou “tudo o que estão dizendo é mentira” e que “tudo o que ele [Diego Spagnuolo, ex-diretor da ANDIS] diz é mentira” e por isso ele será “levado à justiça para provar que mentiu”, referindo-se ao vazamento das gravações que teriam revelado o esquema de corrupção.

Segundo o G1, imagens que circulam nas redes sociais mostram o mandatário argentino acenando para as pessoas quando começa um tumulto. Após a confusão, ele foi retirado às pressas da carreata — que não foi completada.

O presidente estava acompanhado de sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, e do deputado José Luis Espert, um dos principais candidatos às eleições legislativas de outubro na Argentina. Outros vídeos registraram Espert deixando o local em uma moto, sem capacete.

De acordo com um porta-voz do governo Milei, não houve feridos. Segundo o Pagina12, duas pessoas foram presas.

Ataque ocorre em meio a denúncia de esquema de corrupção

O ultradireitista vive um momento de crise após denúncias sobre um suposto caso de corrupção entre a Agência Nacional de Deficiência (ANDIS) e o governo de Javier Milei, que teria sido descoberto após um vazamento de gravações de áudio atribuídas a Diego Spagnuolo, ex-diretor da ANDIS.

As gravações, que analistas e opositores atribuem ao então funcionário, revelam uma suposta rede de corrupção e exigências de propina de provedores de serviços de assistência a pessoas com deficiência.

Escândalo de corrupção envolvendo ANDIS teria envolvimento de altos funcionários do governo Milei
Oficina del Presidente/X

O dinheiro, segundo as gravações de áudio, era destinado à secretária-geral da Presidência, Karina Milei — irmã do presidente — e sua equipe. Spagnuolo falou de quantias significativas de dinheiro, afirmando que “Karina recebe 3% e 1% vai para a operação”.

O suposto mecanismo envolvia a farmácia Suizo Argentina, ligada a Eduardo “Lule” Menem (primo do presidente da Câmara dos Deputados, Martín Menem), mencionada como beneficiária e protetora do esquema. Spagnuolo chegou a afirmar ter alertado o presidente Javier Milei sobre o roubo.

A resposta do governo incluiu a demissão de Spagnuolo e a nomeação de Alejandro Vilches como auditor da ANDIS, encarregado de conduzir uma auditoria completa na agência.

O advogado Gregorio Dalbón, defensor da ex-presidente Cristina Kirchner, entrou com uma queixa criminal contra Milei, Karina Milei, Eduardo “Lule” Menem, o próprio Spagnuolo e o dono da Farmácia Suizo Argentina, Eduardo Kovalivker, por crimes como fraude, estelionato, associação criminosa e suborno.

Operações de busca e apreensão ordenadas pela Justiça argentina apreenderam aproximadamente US$ 200 mil de Kovalivker, além de dois celulares e uma máquina de contagem de notas de Spagnuolo.

Além das gravações de áudio, investigações jornalísticas revelaram que a Farmácia Suizo Argentina fechou acordos multimilionários com ministérios como Segurança e Defesa e ganhou um contrato de mais de 15 bilhões de pesos para o Hospital Posadas, que apresentava inúmeras irregularidades.

Além das denúncias sobre corrupção, as eleições de meio de mandato em outubro são tidas como uma espécie de referendo sobre a agenda do governo Milei, que, nos últimos meses, acumulou derrotas no Congresso e chegou a romper com a própria vice-presidente, Victoria Villarruel, que também é presidente do Senado.

A campanha para as eleições de meio de mandato na Argentina também começou nesta quarta-feira (27/08). No próximo domingo (31/08) ocorrem as eleições na cidade de Corrientes, para legislativo e executivo. O governo e todas as cadeiras da Câmara Baixa e Alta estão em disputa.

No domingo seguinte, 7 de setembro, a eleição vai ocorrer na província de Buenos Aires, para o legislativo. E em 26 de outubro ocorrem as eleições nacionais de meio de mandato, em que serão eleitos parte dos deputados das câmaras alta e baixa do Congresso: 24 dos 72 senadores e 127 dos 257 deputados.

(*) Com Brasil247, Brasil de Fato e informações de Clarín