Em ligação, Lula pede que Trump retire tarifaço e sanções contra autoridades brasileiras
Presidentes do Brasil e EUA concordaram de se encontrar pessoalmente 'em breve'; trata-se do primeiro diálogo de alto nível entre mandatários em meio a tensões comerciais
Por cerca de 30 minutos, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por videochamada na manhã desta segunda-feira (06/10), em uma reunião que foi anunciada pelo republicano na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, há duas semanas.
“Considero nosso contato direto como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente”, escreveu o petista em rede social.
A discussão central foi o tarifaço e os esforços do governo Lula de querer negociar as medidas tarifárias. Ao recordar ao seu homólogo norte-americano, mais uma vez, que o Brasil é um dos três países integrantes do G20 com quem os EUA mantém superávit na balança comercial, revelou ter solicitado a retirada do tarifaço imposto contra os produtos brasileiros e às sanções aplicadas contra as autoridades do país.
Em 30 de julho, Trump oficializou as taxas de 50% sobre uma lista abrangente de produtos brasileiros, alegando que o Brasil, sobretudo seu Judiciário, promoveu uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado por liderar uma tentativa de golpe de Estado. As ameaças tarifárias ganharam forma durante a 17ª Cúpula do BRICS, realizada em julho no Rio de Janeiro.
Também estiveram presentes neste encontro virtual o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A conversa foi “positiva do ponto de vista econômico”, comentou Haddad ao jornalistas, na chegada ao seu Ministério.
De acordo com Lula, estas três autoridades foram designadas pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, a darem sequência às tratativas relacionadas ao tarifaço.
“Nós concordamos em encontrar pessoalmente em breve”, acrescentou o presidente brasileiro. “Sugeri a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterei o convite a Trump para participar da COP30, em Belém; e também me dispus a viajar aos Estados Unidos”.

Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, realiza primeira conversa de alto nível com seu homólogo norte-americano Donald Trump
Ricardo Stuckert/PR
Sobre as medidas tarifárias dos EUA, fontes do governo consultadas por Opera Mundi afirmaram que o governo Lula já se preparava contra possíveis novos ataques de Trump antes mesmo do início do julgamento de Bolsonaro, sendo a articulação da lei da reciprocidade um passo inicial para isso. As contramedidas econômicas já estavam sendo institucionalizadas para serem postas na mesa “depois de consultas, inclusive com o setor produtivo”.
O primeiro encontro entre os mandatários dos dois países aconteceu na Assembleia da ONU. Lula, em seu discurso, proferiu críticas implícitas às medidas unilaterais tomadas por Trump, reforçando a necessidade de um mundo multipolar. Por sua vez, o republicano, durante a finalização de sua fala, elogiou o petista, afirmando que ambos se abraçaram no caminho e que houve “química”. No fim de seu discurso, o magnata anunciou uma reunião com o brasileiro.























