Em Jacarta, Lula confirma disputa para quarto mandato em 2026
Brasil e Indonésia assinam acordos de cooperação; país foi 5º destino das exportações do agronegócio brasileiro em 2024
O presidente Lula afirmou que disputará mais uma eleição presidencial em 2026. A declaração foi dada ao líder da Indonésia, Prabowo Subianto, durante o encontro oficial, nesta quinta-feira (23/10), no Palácio Merdeka, em Jacarta, capital do país. “Ainda vamos nos encontrar muitas vezes. Esse meu mandato só termina em 2026, no final do ano, mas estou preparado para disputar outras eleições”, afirmou.
“Eu vou completar 80 anos, mas pode ter certeza que estou com a mesma energia de quando eu tinha 30 anos de idade. Vou disputar um quarto mandato no Brasil” e fazer com que a relação entre Indonésia e Brasil seja “por demais valorosa”, garantiu a Subianto.
Os presidentes assinaram uma série de memorandos e acordos de cooperação em diversas áreas e debateram questões relacionadas a defesa, comércio, desenvolvimento sustentável, além de temas convergentes como o genocídio em Gaza, o Conselho de Segurança da ONU e o papel do BRICS no fortalecimento do sul global.
“Como dois dos maiores produtores de bioenergia do mundo, podemos criar juntos um mercado global de biocombustíveis. A Organização Marítima Internacional não pode adiar eternamente a decisão de descarbonizar o setor. O biocombustível de etanol é uma alternativa viável e imediatamente disponível”, defendeu Lula.

Em Jacarta, Lula confirma disputa para quarto mandato em 2026
Ricardo Stuckert / PR
‘Visão comum’
Em coletiva de imprensa, Lula salientou que o Brasil e a Indonésia compartilham uma visão comum sobre a necessidade de um novo equilíbrio geopolítico e econômico mundial. “Por isso, vamos fazer um esforço muito grande para trabalhar muito para que Indonésia e Brasil se transformem em dois parceiros fundamentais na geografia econômica do mundo”, afirmou.
Subianto destacou que “Brasil e Indonésia são duas forças econômicas cada vez maiores que fortalecem o sul global”. Ele classificou a parceria dos dois países como “estratégica e sinergética entre países complementares”. Ambos são membros do Brics e do G20, o grupo das 20 maiores economias do planeta, apontou.
“Hoje assinamos acordos significantes”, afirmou ao prospectar um comércio bilateral em torno de US$ 20 bilhões nos próximos anos. Lula reforçou: “como é que dois países importantes no mundo, como Indonésia e Brasil, com quase 500 milhões de habitantes, só tenham um comércio de US$ 6 bilhões? É pouco”.
A Indonésia é um dos principais parceiros comerciais do Brasil na Ásia, o 16º maior destino das exportações brasileiras e o 5º no setor do agronegócio, destaca a Agência Gov. Em 2024, os fluxos comerciais entre os dois países atingiram o patamar recorde de US$ 6,3 bilhões, com superávit brasileiro (US$ 2,6 bilhões), com destaque para as exportações de farelo de soja (US$ 1,66 bilhão; 37% da pauta) e açúcares (US$ 1,65 bilhão; 37%).
Em gesto simbólico, Subianto anunciou que pretende incluir o português entre as línguas prioritárias do sistema educacional para aproximar as novas gerações de brasileiros e indonésios.
Contra o genocídio em Gaza
Eles também reafirmaram o compromisso conjunto com a paz no Oriente Médio e a defesa da causa palestina. “Nossos governos estão unidos contra o genocídio em Gaza e continuarão a defender a solução de dois Estados como único caminho possível para a paz no Oriente Médio”, disse Lula.
Prabowo elogiou a convergência diplomática e ressaltou que Brasil e Indonésia têm “comportamentos semelhantes em assuntos como os dos conflitos na Palestina e na Ucrânia”.
Lula chegou em Jacarta nesta quarta-feira (22/10) e seguirá para Kuala Lumpur, na Malásia, onde participará da 47ª Cúpula da Asean, a Associação das Nações do Sudeste Asiático, e da 20ª Cúpula do Leste Asiático (EAS).
A viagem ao Sudoeste asiático tem como objetivo ampliar a presença brasileira na região. Há também a possibilidade do presidente brasileiro se encontrar com Donald Trump, que participará das cúpulas na Malásia. Segundo o embaixador Everton Lucero, diretor do Departamento de Índia, Sul e Sudeste da Ásia do Itamaraty, é “bastante possível” que eles se encontrem em Kuala Lumpur no próximo domingo (26/10).























