Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Com a desistência do prefeito de Nova York, Eric Adams, do Partido Democrata, em buscar sua reeleição na disputa municipal em 4 de novembro, os demais candidatos “tentam capitalizar” a saída em favor de suas próprias campanhas, segundo o The New York Times.

O jornal destacou que “um dia depois que o prefeito Eric Adams encerrou sua campanha de reeleição, os três candidatos que concorriam para substituí-lo fizeram campanha ou ligaram para solicitar doações, buscando lucrar com sua saída”, referindo-se a Zohran Mamdani, do Partido Democrata, Curtis Sliwa, do Partido Republicano, e Andrew Cuomo, que disputa de forma independente.

Mamdani, o favorito na disputa, participou de uma entrevista coletiva para criticar os cortes orçamentários realizados contra um programa de auxílio de aluguel pelo seu principal rival, Cuomo, durante a sua administração como governador de Nova York (2011-2021).

Mamdani disse que os cortes no programa, chamado Advantage e que concedia financiamentos de até U$1 mil dólares mensais para mais de 20 mil famílias, levaram a cidade à atual crise de pessoas em situação de rua.

O político também falou sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou cortar o financiamento federal para Nova York se o político fosse eleito em novembro.

“Acho que Donald Trump está passando pelos estágios do luto”, disse o deputado estadual pelo Queens, referindo-se a sua possível vitória.

Já o republicano Silwa, em frente a uma estação de metrô no Upper West Side, declarou que não abandonaria a disputa, na qual aparece em terceiro lugar de acordo com as pesquisas.

Segundo o NYT, há apelos para que ele encerre sua campanha “para que os eleitores que se opõem às posições de esquerda de Mamdani possam se unir a Cuomo” e sua candidatura independente.

Em vez disso, Silwa usou da situação para classificar seus oponentes como uma “hidra de duas cabeças”, referindo-se à figura de monstro da mitologia grega, “que prejudicaria a cidade”.

Também disse que Cuomo “não conseguia se conectar com os eleitores republicanos” uma vez que, apesar de concorrer de forma independente, é registrado democrata e governou Nova York sob o partido.

Zohran Mamdani é o favorito na corrida eleitoral para Prefeitura de Nova York
Zohran Kwame Mamdani/X

Apesar de bastante mencionado pelos oponentes, Cuomo não fez campanhas públicas após a desistência de Adams. Segundo o periódico, ele “passou a maior parte do tempo escondido, ligando para doadores antes do prazo iminente de arrecadação de fundos para sua campanha”.

Segundo análise do NYT, ele é o candidato que mais deve se beneficiar com o encerramento da campanha do atual prefeito. Contudo, ainda não seria o suficiente para desbancar Mamdani.

Mesmo com as diferenças de agendas durante o dia, durante a noite da última segunda-feira (29/09), os três compareceram a um fórum de candidatos no Harlem realizado por uma organização social voltada a mulheres negras.

No evento, os três foram bem recebidos pela plateia. Mamdani aproveitou o espaço para declarar apoio a propostas de parlamentares negras, Cuomo tentou se diferenciar de Trump, e Silwa relembrou que a corrida eleitoral ainda conta com três pessoas.

Enquanto os políticos competem para determinar quem ganha mais com a saída de Adams da campanha, quem  perde com a decisão são os doadores milionários de Nova York, que não sabem para onde direcionar suas doações.

“Doadores que se opõem a Mamdani estão desanimados há semanas, considerando sua missão relativamente sem esperança”, escreveu o NYT.

O cenário levou, inclusive, a “apoiadores abastados de um comitê que se opõe a Mamdani” doarem a outro comitê de ação política que se opõe ao político muçulmani.

Em praticamente nenhuma possibilidade, Mamdani se torna o novo alvo de doações, em substituição a Adams, de modo que até mesmo Cuomo passou a receber uma parte dos financiamentos.

“Agora ele tem uma chance. Agora ele precisa demonstrar uma energia enorme em todos os sentidos, e agora ele precisa mostrar o quão diferente ele administraria a cidade de Nova York em comparação com Mamdani”, disse o magnata da mídia Barry Diller.