Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O FMI revisou para cima suas previsões de crescimento global. Em 2025, a taxa será de 3,2%, um pouco abaixo dos 3,3% registrados em 2024. Em julho, a expectativa para este ano era de 2,8%. Para 2026, a estimativa também é positiva: 3,1%. A imprensa francesa desta quarta-feira (15/10) destaca, com alívio, a resiliência da economia mundial, que tem se mostrado mais forte do que o esperado diante dos tarifaços de Trump, e cita o Brasil. No entanto, os jornais antecipam que essa capacidade de resistência à política protecionista norte-americana não deve se manter a longo prazo.

Segundo o relatório Perspectivas Econômicas Mundiais do Fundo Monetário Internacional (FMI), publicado na terça-feira (14/10), a China deve crescer 4,8% este ano. A Espanha lidera entre as economias avançadas, com alta de 2,9% no PIB em 2025. A estimativa de expansão do Produto Interno Bruto do Brasil é agora de 2,4% este ano, contra 2,3% em julho.

Em matéria de capa, o jornal Les Echos afirma que a política protecionista do presidente norte-americano Donald Trump não afundou a atividade econômica, como muitos especialistas previam. A guerra comercial foi evitada e a onda de choque absorvida, mas os riscos continuam se acumulando. O FMI está especialmente preocupado com os efeitos da alta nas bolsas mundiais, impulsionadas pelas promessas do setor de inteligência artificial, alerta o jornal econômico.

Le Figaro explica que o impacto foi menor do que o previsto porque, apesar das ameaças americanas de sobretaxas de até 100%, os aumentos efetivos foram mais moderados, e o setor privado demonstrou agilidade para se adaptar às medidas. No entanto, assim como Les Echos, o jornal conservador também destaca os riscos crescentes, como os efeitos duradouros das tarifas, a instabilidade no setor imobiliário chinês e a explosão da inteligência artificial, que lembra “a bolha da internet dos anos 1990”.

Segundo o relatório Perspectivas Econômicas Mundiais do Fundo Monetário Internacional (FMI), a China deve crescer 4,8% este ano
RS/Fotos Públicas

Resiliência não deve durar

Além disso, há preocupação com o elevado déficit fiscal nas grandes potências. Le Figaro ressalta que os índices de endividamento devem aumentar significativamente em países como Brasil, China, França e Estados Unidos. A combinação de ativos supervalorizados e complacência dos mercados diante dos riscos aumenta a probabilidade de uma correção econômica desordenada, segundo o FMI.

Le Monde acrescenta que fatores como a queda do dólar, estímulos fiscais e investimentos em inteligência artificial também ajudaram a sustentar a atividade econômica. O jornal alerta, porém, que essa resiliência da economia mundial à política protecionista de Donald Trump não deve durar para sempre, e aponta sinais de esgotamento. Os tarifaços começam a sufocar o comércio global: os estoques estão cheios, a inflação está em leve alta, o desemprego nos EUA cresce e a Zona do Euro desacelera.

Le Monde cita ainda um novo risco no horizonte. O FMI aponta que uma nova economia mundial está se formando, marcada por políticas anti-imigração, principalmente nos Estados Unidos, e cortes na ajuda ao desenvolvimento. A nova política migratória americana pode reduzir o PIB em até 0,7% ao ano, além de prejudicar os países de origem dos migrantes, com a queda nos envios de dinheiro.

Nesse novo cenário fragmentado, o crescimento global pode ser afetado, especialmente nos países pobres e emergentes, como a China, que deve desacelerar nos próximos anos. O FMI também prevê uma desaceleração da economia brasileira: em 2026, o país deve crescer 1,9%, 0,2 ponto percentual abaixo da projeção feita em julho.