Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O alerta de tsunami acionado pelo governo do Chile nesta quarta-feira (30/07) se transformou em tema de controvérsia no país, devido à tentativa dos partidos de direita e extrema direita, opositores ao governo de Gabriel Boric, de politizar a questão, acusando o governo de demorar em permitir o retorno das pessoas às suas casas.

Após o terremoto de magnitude 8,8 na escala Richter, ocorrido na noite terça-feira (29/07), no sudeste da Rússia, ondas gigantes se alastraram pelo Oceano Pacífico, alcançando as costas de vários países latino-americanos, incluindo o Chile.

O governo local acionou o alerta em todas as cidades litorâneas por volta das 9h (hora local) de quarta-feira. Segundo a sismóloga Alicia Cebrián, diretora do Serviço Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres (Senapred), o movimento atípico da maré começou a ser percebido por volta das 14h, mas as maiores ondas chegaram apenas após as 21h, na hora local.

Por essa razão, o alerta de emergência começou a ser derrubado apenas a partir das 23h, e foi setorial, dependendo de cada região. Os últimos alertas foram derrubados durante a madrugada desta quinta-feira (31/01). Cerca de 1,5 milhão de pessoas que foram evacuadas durante o operativo realizado em todos os municípios da costa chilena já retornaram às suas casas. Não há reporte de mortos ou feridos gerados pelo tsunami.

Segundo um comunicado do Partido Republicano, de extrema direita, “o procedimento errático colocado em prática pelo governo sujeitou as pessoas a situações desnecessárias, como o frio extremo e o risco de serem abordados por delinquentes”.

Sismóloga Alicia Cebrián encabeçou comitê de emergência que organizou operativo de evacuação durante alerta de tsunami no Chile
Senapred Chile

Vale lembrar que o Partido Republicano é liderado pelo extremista José António Kast, que liderava as pesquisas para as eleições presidenciais chilenas marcadas para o próximo mês de novembro, mas que perdeu essa condição semanas atrás, após o lançamento da candidatura governista, encabeçada pela ex-ministra do Trabalho Jeannette Jara, do Partido Comunista.

As críticas de Kast e seu partido também foram apoiadas por outras siglas de direita, como a União Democrata Independente (UDI), Renovação Nacional (RN) e Partido Nacional Libertário (PNL).

Reação de Boric

Presidente chileno Gabriel Boric criticou a tentativa da oposição de politizar o operativo de evacuação, e afirmou que “o alerta cumpriu estritamente as normas para esse tipo de evento”.

“Tivemos ondas de até 2,4 metros de altura, em algumas regiões, e quase todo o nosso litoral apresentou movimento atípico da maré. Os alertas foram derrubados quando as equipes de monitoramento garantiram que já não havia nenhum perigo”, acrescentou o mandatário chileno.

Sobre a suposta demora em permitir o retorno às casas, Boric disse que “é melhor pecar por excesso de cautela e não lamentar nenhuma morte”, e lembrou que, “durante a evacuação, as forças de segurança garantiram a segurança de todos os nossos cidadãos, o que reforça o sucesso dos operativos realizados nas últimas horas”.