'Dama de Ferro' do Japão: Sanae Takaichi é eleita 1ª mulher premiê do país
Conservadora, fã de heavy metal e de Margaret Thatcher, política do Partido Liberal Democrata (PLD) assumiu o cargo após renúncia de Shigeru Ishiba
Pela primeira vez, o Japão terá uma mulher como primeira-ministra. A conservadora Sanae Takaichi, de 64 anos, tornou-se nesta terça-feira (21/10) a pioneira a ocupar o cargo, após vencer a votação no Parlamento e ser oficialmente nomeada pelo imperador Naruhito.
Conhecida como “Dama de Ferro” pela imprensa japonesa, por sua inclinação conservadora e admiração por Margaret Thatcher, Takaichi atuou em mandatos do ex-premiê Shinzo Abe e, também, no gabinete do ex-primeiro-ministro Fumio Kishida.
Ela assume o cargo após a renúncia do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, em setembro deste ano. Ele ficou menos de um ano no cargo e renunciou depois da derrota do Partido Liberal Democrata (PLD) nas eleições parlamentares.
Apesar do pioneirismo histórico, Takaichi já enfrenta críticas por nomear apenas duas mulheres para o seu novo governo: Satsuki Katayama no Ministério das Finanças e Kimi Onoda no de Segurança Econômica. Durante sua campanha, ela prometeu níveis de representação feminina semelhantes ao da Islândia, onde 6 dos 11 membros do gabinete são mulheres.
Conhecida por suas posições duras em relação à China e pelo apoio ao status quo em Taiwan, Takaichi chega ao poder com a promessa de fortalecer as Forças de Autodefesa e reafirmar os laços estratégicos com os Estados Unidos.
Sua vitória é apresentada como a consolidação de uma guinada à direita dentro do partido, que recentemente selou uma nova aliança com o Partido Inovação do Japão após o rompimento com o ultranacionalista Sanseito.

Sanae Takaichi é eleita primeira-ministra do Japão
Governo do Japão / Gabinete do Primeiro-ministro
‘Dama de Ferro’
Takaichi nasceu na província de Nara e se formou pela Universidade de Kobe. Durante a vida universitária, além de pilotar motocicletas, ela tocava bateria em uma banda de heavy metal. Segundo a imprensa japonesa, aos 64 anos, ela continua fã de grupos como Black Sabbath e Iron Maiden e mantém uma bateria elétrica em casa.
Ela iniciou sua carreira política no PLD nos anos 1990 e fez uma trajetória marcada pela defesa de valores conservadores. Takaichi se opõe ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, tem uma visão dura em relação à imigração e defende a primazia masculina na sucessão imperial do país.
Ela é também uma opositora da revogação de uma lei do século XIX que obriga as mulheres a usarem o sobrenome do marido, alegando que a abolição da lei minaria os valores familiares tradicionais.
Ao assumir o cargo, ela enfrentará um cenário político frágil no Parlamento. Após perder a maioria nas duas casas legislativas, o PLD ainda enfrenta as consequências de um grande escândalo de corrupção, destaca a Al Jazeera.
Além disso, a “dama de ferro” japonesa herdará como principais desafios econômicos o aumento do custo de vida e as consequências do tarifaço imposto contra o Japão pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Na avaliação de Stephen Nagy, professor da Universidade Internacional Cristã, ouvido pela agência catari, o país deverá manter uma política conservadora à moda japonesa. Ele salienta, no entanto, que “ser conservador no Japão significa ser forte em segurança e nas relações com os EUA, mas também manter um governo intervencionista com políticas sociais amplas”.























