Cúpula dos Líderes dá início à COP30 com debate sobre Fundo para Florestas
Lula fará a abertura do evento que reúne autoridades de 130 países e 57 chefes de Estado; entre eles Emmanuel Macron (França), Friedrich Merz (Alemanha) e Ursula von der Leyen (União Europeia)
A Cúpula dos Líderes Mundiais para a Ação Climática acontece nesta quinta-feira (06/11) e sexta (07/11) em Belém. O encontro antecede, pela primeira vez, a abertura oficial da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), programada para a próxima segunda-feira (10/11).
O presidente Lula abrirá o evento de líderes nesta tarde. “Convoquei líderes mundiais nestes dias que antecedem a conferência para que todos possamos nos comprometer a agir com a urgência que a crise climática exige”, explicou no artigo “A era dos belos discursos e das boas intenções acabou. A Cop30 do Brasil será sobre ação”, publicado no The Guardian, nesta quinta (06).
“Se não passarmos dos discursos para ações concretas, nossas sociedades perderão a fé – não apenas no multilateralismo, mas também na política internacional de forma mais ampla”, acrescentou o líder brasileiro, ao afirmar que esta será a “COP da Verdade”, para que as lideranças globais demonstrem “a seriedade do compromisso compartilhado com o planeta”.
Durante dois dias, representantes de mais de 130 delegações e organismos multilaterais debaterão metas de emissões, financiamento climático e transição energética, em um momento considerado crucial para o futuro do Acordo de Paris, firmado uma década atrás durante a COP21. Pelo acordo, os países se comprometeram a reduzir suas emissões de carbono visando limitar o aquecimento do planeta em 1,5° Celsius.
Nesses dois dias, ocorrerão três plenárias temáticas, com abertura feita pelo presidente e na sequência o debate ‘Clima e Natureza, Florestas e Oceanos’ nesta quinta-feira (06/11). O evento contará com a participação de autoridades de Estado, como o presidente da França, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Friedrich Merz e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Cúpula dos Líderes em Belém debate Fundo para Florestas nesta quinta (06)
Ricardo Stuckert / PR
Fundo de Florestas
Durante a reunião, que acontece no Parque da Cidade, em Belém, o governo brasileiro anunciará o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF), proposta que visa captar US$ 125 bilhões em aportes públicos e privados para financiar a conservação florestal. Como explica o presidente Lula, em seu artigo, a inovação do TFFF “reside no fato de funcionar como um fundo de investimento, e não como um mecanismo de doação”.
“O TFFF recompensará tanto aqueles que mantêm suas florestas em pé quanto aqueles que investem no fundo. Uma abordagem verdadeiramente vantajosa para todos no combate às mudanças climáticas”, aponta Lula.
Por meio do TFFF, investidores receberão retorno financeiro, pela remuneração dos países que preservarem suas florestas. Brasil e Indonésia já anunciaram aportes iniciais de US$ 1 bilhão cada, enquanto a Alemanha e Noruega negociam adesão à proposta.
A agenda da Cúpula também engloba compromissos de combate a incêndios, a expansão de biocombustíveis e uma declaração conjunta sobre fome, pobreza e clima. Como salienta o presidente Lula, em seu artigo, “os setores mais vulneráveis da nossa sociedade são os mais afetados pelos impactos das mudanças climáticas, razão pela qual os planos de transição justa e adaptação devem ter como objetivo combater a desigualdade”.
O Brasil também apresenta uma nova meta na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC). O país está comprometido em “reduzir suas emissões de 59% para 67%, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia”, aponta Lula, ao convocar “todos os países a apresentarem NDCs igualmente ambiciosas e a implementá-las de forma eficaz”.
Matriz energética
Lula também destaca que a matriz energética brasileira está entre as mais limpas do mundo, com 88% de sua eletricidade proveniente de fontes renováveis. “Somos líderes em biocombustíveis e estamos avançando em energia eólica, solar e hidrogênio verde”.
No artigo, ele afirma como “essencial” o redirecionamento das receitas da produção de petróleo para financiar uma transição energética justa. “Com o tempo, as empresas petrolíferas em todo o mundo, incluindo a Petrobras do Brasil, se transformarão em empresas de energia, porque um modelo de crescimento baseado em combustíveis fósseis não pode durar”.
O presidente salientou a urgência do avanço na reforma da governança global. “Hoje, o multilateralismo sofre com a paralisia do Conselho de Segurança da ONU. Criado para preservar a paz, não conseguiu evitar guerras. É nosso dever, portanto, lutar pela reforma desta instituição”, diz Lula.
Ele também defendeu a criação de um conselho de mudanças climáticas da ONU vinculado à Assembleia Geral. “Seria uma nova estrutura de governança com força e legitimidade para garantir que os países cumpram suas promessas e um passo efetivo para reverter a atual paralisia do sistema multilateral”, afirma.























