Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo de Cuba apontou, a partir de seu relatório anual, os efeitos dos bloqueios econômico, comercial e financeiro impostos pelos Estados Unidos contra a ilha que perduram há mais de seis décadas. O documento registrou os danos gerados em diversos setores no último ano, entre março de 2024 e fevereiro de 2025.

Segundo o relatório, divulgado em 17 de setembro, o bloqueio provocou prejuízos econômicos a Cuba estimados em mais de 7 bilhões de dólares, um aumento de 49% na comparação ao período anterior. O aumento, ainda de acordo com o governo cubano, é considerado uma consequência direta da “intensificação política” e da “asfixia financeira e perseguição” contra a ilha.

“O governo norte-americano manteve a aplicação rigorosa das leis e práticas de bloqueio, com ações destinadas a identificar, perseguir e eliminar, cirúrgica e sistematicamente, as principais fontes de renda da economia cubana”, afirma a chancelaria do país no documento. 

O relatório “Tumba el bloque” (‘Derrube o bloqueio”) aponta que os efeitos do bloqueio criam dificuldades de longo alcance tanto para a população cubana quanto para as entidades comerciais e produtivas do país, resultando em enfraquecimento dos esforços do governo de Miguel Díaz-Canel e do povo para estimular a produção e estabelecer condições de vida sustentáveis e dignas.

“O bloqueio econômico, comercial e financeiro constitui o eixo central da política de máxima pressão contra a ilha, buscando sufocar sua economia, gerar carências e descontentamento para provocar uma explosão social que induza a uma mudança da ordem constitucional legitimamente estabelecida pelo povo cubano no exercício de sua autodeterminação”, diz o documento.

Ainda no documento duas categorias principais de exigências impostas pelo bloqueio são identificadas. A primeira, de caráter financeiro, provoca baixos salários, redução no envio de remessas, barreiras a investimentos estrangeiros e a impossibilidade de refinanciar dívidas acumuladas. A segunda restringe o acesso a insumos e produtos comerciais, como alimentos, suprimentos hospitalares, medicamentos, matérias-primas, maquinário moderno, ferramentas diversas, materiais de construção, peças de reposição, combustíveis, produtos químicos, fertilizantes, entre outros.

Além disso, segundo o governo cubano, a imposição de sanções contra transporte de combustíveis e transações bancárias essenciais ampliam o impacto contra a economia. “Quem nega que essa política representa o principal obstáculo ao desenvolvimento de Cuba, ou ignora que, sem o bloqueio, todos esses problemas seriam resolvidos mais rapidamente, estaria mentindo”.

Relatório anual da nação sobre os efeitos adversos do extenso bloqueio econômico imposto pelos EUA a Cuba
X/ @LaCubaTuristica

Uma das principais fontes de renda de Cuba, o turismo, sofreu perdas de US$ 2,5 bilhões no período analisado. Essas perdas representam não apenas a queda direta, mas também os ganhos frustrados, já que as restrições norte-americanas dificultam a chegada de visitantes, limitam voos e cruzeiros, além de desencorajar investimentos estrangeiros na área.

Segundo o documento, o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos representa o principal obstáculo ao desenvolvimento de Cuba, afetando diretamente setores da economia, restringindo o acesso a recursos e comprometendo a qualidade de vida da população

Reuniões em meio ao bloqueio

O relatório foi divulgado a pouco mais de um mês da votação anual na Assembleia Geral das Nações Unidas contra os embargos dos Estados Unidos ao país caribenho. A reunião deste ano ocorrerá nos dias 28 e 29 de outubro.

A decisão da votação pede o fim do bloqueio. Anualmente, a maioria dos países votam pelo encerramento dos embargos, somente Estados Unidos e Israel votaram contra a resolução em 2024. Porém, mesmo assim, ela continua em validade.

Os EUA incluíram Cuba na lista unilateral que classificam o país como patrocinador do terrorismo, restringindo seus recursos financeiros. Segundo o relatório, também permitem ações judiciais sob a Lei Helms- Burton, afastando estrangeiros