Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A crise demográfica na Coreia do Sul, que lidera no ranking da pior taxa de natalidade entre os 38 países que compõem a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), também tem afetado um dos dispositivos mais importantes do governo: as forças armadas. De acordo com um relatório publicado pelo Ministério da Defesa do país neste domingo (10/08), o exército sul-coreano reduziu seu efetivo em 20% nos últimos seis anos, em um declínio que foi atribuído, sobretudo, ao envelhecimento da população e ao baixo índice de nascimentos.

O documento também alerta que o número de homens em idade de alistamento, ou seja, de 20 anos, caiu 30% entre 2019 e 2025. A falta de recrutamentos também preocupa uma iminente escassez de oficiais, o que deve comprometer a capacidade operacional das tropas. Atualmente, o país mantém cerca de 450 mil soldados ativos, uma redução significativa em relação aos 690 mil registrados no início dos anos 2000.

Hoje em dia, a Coreia do Sul está declaradamente em “situação de emergência demográfica”, condição que se explica pela recusa das mulheres em ter filhos devido às desvantagens sociais de um sistema patriarcal, conforme relatos obtidos por Opera Mundi. Em 2024, a taxa de natalidade atingiu 0,75 filho por mulher, após um tímido aumento de 0,03 em relação aos 0,72 registrados em 2023. Projeções indicam que a população, que chegou a 51,8 milhões em 2020, pode encolher para 36,2 milhões até 2072.

Enquanto isso, estimativas de 2022 apontam que a Coreia do Norte mantém um exército ativo de aproximadamente 1,2 milhão de soldados – quase três vezes o contingente sul-coreano. A disparidade acende debates sobre a eficácia da defesa do Sul, mesmo com um orçamento militar de 61 trilhões de wons (US$ 44 bilhões) em 2025, superior ao PIB nominal do Norte.

Governo da Coreia do Sul emitiu novo relatório que indica queda no número de soldados atribuída à baixa taxa de natalidade
Forças Armadas da Coreia do Sul

Serviço militar e prontidão

Apesar dos avanços tecnológicos e da parceria militar com os Estados Unidos, o Ministério da Defesa da Coreia do Sul admitiu que o seu exército está com um déficit de 50 mil soldados – sendo 21 mil apenas no quadro de suboficiais. O número é considerado abaixo do ideal para a segurança nacional.

Na Coreia do Sul, o alistamento militar é obrigatório para os homens. A princípio, em 1953, após o armistício firmado entre os dois países asiáticos com o fim da Guerra da Coreia, o serviço sul-coreano foi programado para durar 36 meses. No decorrer do tempo, as melhorias na capacitação militar e no desenvolvimento da indústria de defesa possibilitou que o treinamento fosse reduzido para uma média de 20 meses. No entanto, a crise demográfica levanta uma nova ameaça de que o país deva reverter essas conquistas e buscar outras alternativas para compor seu exército.