Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo sul-coreano está considerando formar uma equipe interagências, liderada pelo gabinete do primeiro-ministro Kim Min Seok, com a pretensão de desenvolver submarinos movidos a energia nuclear, confirmou uma fonte próxima aos assuntos à agência Yon Hap nesta sexta-feira (31/10). A medida é resultado das negociações realizadas às margens da cúpula da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), celebrada na província de Gyeongju nesta semana. 

Durante um encontro bilateral, o presidente Lee Jae Myung pediu uma validação ao seu homólogo norte-americano Donald Trump: que a Coreia do Sul possa manusear veículos abastecidos de combustível nuclear, neste caso em específico, submarinos, de forma que facilite o rastreio de navios norte-coreanos e chineses. Para convencer, o mandatário asiático ainda argumentou que o projeto poderia aliviar a carga operacional das forças armadas destacadas pelos Estados Unidos em território nacional.

De acordo com o ministro da Defesa, Ahn Gyu Back, o aumento da velocidade e da capacidade de resistência subaquática contribuiria com uma resposta melhor às “ameaças” vindas do país de Kim Jong Un, com quem Lee não tem tido sucesso no restabelecimento de relações. Ahn também informou que se cogita construir quatro ou mais unidades do tipo.

Em março, a Coreia do Norte mostrou estar um passo à frente ao revelar o canteiro de obras de um submarino movido a energia nuclear. Por estarem em estágio mais avançado com base nos registros, a Coreia do Sul avalia que os veículos norte-coreanos podem ser concluídos muito antes, entre 2030 e 2035 – estima-se que a construção da categoria leve pelo menos 10 anos.

Vale ressaltar que os submarinos movidos a energia nuclear (SSNs) não equivalem aos submarinos nucleares estratégicos (SSBNs), pois estes últimos apenas carregam armas nucleares. Em caso de emergência, os aparelhos atualmente cobiçados por Lee têm a capacidade de responder de forma secreta e a uma distância considerável.

Presidente da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, recebe seu homólogo norte-americano, Donald Trump, para a cúpula da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico)
Presidência da Coreia do Sul

Especialistas ouvidos por Opera Mundi interpretam que, mesmo com a política pacifista vendida pelo presidente sul-coreano como principal tema de campanha, a prioridade do mandatário se concentra necessariamente na aliança entre sua nação e os Estados Unidos, sendo esta a maneira “mais eficaz” de impedir eventual conflito na Península Coreana, no contexto de um frágil acordo de armistício entre os vizinhos.

Contudo, é importante destacar que, a fim de garantir urânio enriquecido como combustível, é necessário revisar o Acordo de Energia Nuclear Coreia-Estados Unidos, já que as cláusulas previstas no tratado impedem Seul de usar materiais nucleares para fins militares. Ou seja, mesmo com o aval de Trump, as discussões ainda precisam amadurecer.

Devido ao alto custo do projeto que envolveria “vários trilhões de wons” (um trilhão de won equivale a quase quatro bilhões de reais), o governo prevê estabelecer uma equipe interagências que integrará os ministérios da Defesa, Relações Exteriores, Finanças, Indústria e Ciência. Caso o plano se concretize, a Coreia do Sul se tornará o oitavo país do mundo a possuir um submarino movido a energia nuclear.