Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo sul-coreano declarou nesta quarta-feira (13/08) que, durante os cinco anos do mandato presidencial de Lee Jae Myung, procurará recuperar a autonomia do chamado “OPCON”, o controle operacional sobre as forças armadas do país. Atualmente, quem oficialmente detém o OPCON em tempos de guerra são os Estados Unidos, país que se consolida como o principal aliado militar da Coreia do Sul. 

Embora haja necessidade de revisão do projeto, a informação foi antecipada pelo Comitê de Planejamento de Assuntos de Estado, revelando a mais nova iniciativa do governo de Lee na tentativa de aliviar as tensões com a Coreia do Norte – uma das principais metas sustentadas na política externa da atual gestão, que contrasta a postura anti-norte-coreana de Yoon Suk Yeol, ex-presidente deposto em abril. Em diversas ocasiões, o país liderado por Kim Jong Un criticou os laços entre as administrações sul-coreana e norte-americana.

Atualmente os EUA, que abrigam uma aliança bélica com a Coreia do Sul há mais de sete décadas, compartilham aproximadamente 28.500 soldados na Península Coreana. O acordo é que o Estado-Maior Conjunto sul-coreano mantenha a autoridade sobre as forças militares destacadas no país em tempos de “paz”, ou seja, sem confrontos diretos com o Norte. Enquanto isso, Washington assume o OPCON durante uma guerra.

De acordo com o ministro da Defesa da Coreia do Sul, Ahn Gyu Back, o governo deverá ter “conversas aprofundadas” com os EUA sobre esse assunto. Na terça-feira (12/08), o gabinete sul-coreano confirmou que o presidente Lee terá um encontro com seu homólogo norte-americano Donald Trump no dia 25 deste mês, durante o qual devem discutir sobre o comércio bilateral e, sobretudo, a cooperação na área da defesa.

Presidente da Coreia do Sul, Lee Jae Myung completa 70 dias de mandato
Print de Youtube/Lee Jae Myung

OPCON

A Coreia do Sul entregou o controle operacional de suas tropas ao Comando das Nações Unidas (ONU), liderado pelos EUA, durante a Guerra da Coreia, ocorrida entre 1950 e 1953. Em 1978, o controle foi transferido integralmente para o Comando de Forças Combinadas dos dois países aliados. Em 1994, Seul retomou o OPCON, mas apenas parcialmente, em tempos de “paz”, e o dispositivo permaneceu nas mãos de Washington para momentos cruciais de guerra.

Desde então, a transição tem sido uma questão pendente entre os aliados. Os governos anteriores do país asiático tentaram realizar a transferência do OPCON, porém, de fato, isso nunca foi possível devido às circunstâncias no ambiente de segurança e “ameaças” do Norte. 

Tentativa de reconciliação

Assim que Lee Jae Myung foi eleito no âmbito de um pleito presidencial antecipado – depois da queda de Yoon Suk Yeol –, o mandatário ordenou a proibição do envio de panfletos e transmissões em alto-falantes com propagandas anti-Coreia do Norte na fronteira que divide os dois países. Nos últimos dias, sua gestão também enviou equipes para destruir toda a infraestrutura de alto-falantes na linha fronteiriça, uma iniciativa logo retribuída por Pyongyang.

Na semana passada, o governo de Lee atendeu ao pedido do Ministério da Unificação e adiou partes dos exercícios conjuntos com os EUA. O ensaio militar realizado com as tropas norte-americanas tem sido recorrentemente criticado pela Coreia do Norte.