Conflito entre Camboja e Tailândia força deslocamento de 178 mil pessoas
Confronto iniciado na última quinta-feira (24/07) entra em seu terceiro dia; 32 pessoas foram mortas e 130 feridas nos ataques
O confronto entre Camboja e Tailândia por territórios na região fronteiriça entra em seu terceiro dia com um saldo de 32 mortes e 130 pessoas feridas. Estima-se que 38 mil cambojanos e cerca de 140 mil tailandeses tenham sido forçados a abandonar suas casas desde o início dos combates.
Reportagem da Al Jazeera aponta que hospitais improvisados, como o de Oddar Meanchey, estão sobrecarregados, com soldados cambojanos feridos aguardando cirurgia para remover estilhaços de projéteis.
As regiões mais atingidas são os arredores dos templos Ta Moan Thom e Ta Krabei, pontos históricos de disputa territorial. O Camboja afirma ter retomado o controle de oito locais estratégicos, incluindo esses templos, mas as alegações não puderam ser verificadas de forma independente.
Na quarta-feira (23/07), cinco militares tailandeses ficaram feridos após a explosão de minas terrestres durante uma patrulha na província de Ubon Ratchathani, um deles perdeu uma das pernas. O incidente foi o estopim da escalada iniciada na quinta-feira (24/07), com a expulsão do embaixador cambojano e ataques aéreos tailandeses contra alvos militares do país vizinho.
A Tailândia acusou o Camboja de bombardear áreas civis e lançar foguetes contra seu território. O Camboja, por sua vez, afirma que a Tailândia descumpriu a proposta de cessar-fogo intermediada pela Malásia, atual presidente da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
Fragilidade da ordem internacional
O conflito acontece após meses de tensões diplomáticas. A Tailândia acusa Phnom Penh de plantar novas minas deliberadamente, enquanto o governo cambojano diz que os explosivos são remanescentes da guerra civil.

Confronto iniciado na quinta-feira (24/07) entra em seu terceiro dia com um saldo de 32 mortes e 130 pessoas feridas
MSgt. Cohen Young / Wikimedia Commons
Em publicação no Instagram, o diplomata e analista Amir Houssein aponta que o conflito entre Camboja e Tailândia deve ser visto dentro de um cenário maior de instabilidade global. “O mundo está entrando em uma era de guerras regionais que precedem as guerras mundiais. É claro que este conflito não representou nada de especial até agora, mas sim um teste para a hegemonia ocidental e uma ameaça à China”.
Hossein explicou que as raízes dessa disputa remontam a mais de um século, quando a França, que governava o Camboja até 1953, traçou as fronteiras terrestres. “A disputa fronteiriça, que se estende por mais de 817 quilômetros, tem se intensificado repetidamente ao longo dos anos, alimentada pelo sentimento nacionalista”, disse.
O mais recente ciclo de tensões começou em maio, quando um soldado cambojano foi morto em uma área disputada. “Desde então, ambos os governos retaliaram: a Tailândia impôs restrições em sua fronteira com o Camboja, enquanto o Camboja proibiu a importação de frutas e vegetais, filmes tailandeses e internet banda larga da Tailândia, entre outras medidas. levando a retaliações comerciais e políticas de ambos os lados”, relata.
Em nota, o Brasil apelou para os governos da Tailândia e do Camboja “que exerçam máxima contenção, evitem a escalada das tensões e busquem solução negociada para o diferendo de fronteira, pela via do diálogo e com pleno respeito ao direito internacional”. A China, EUA, Reino Unido e Malásia também se manifestaram pedindo o fim das hostilidades.























