Com vitórias estaduais e locais, democratas dominam eleições nos EUA
Mikie Sherrill e Abigail Spanberger assumem governos de Nova Jersey e Virgínia, respectivamente, enquanto Suprema Corte da Pensilvânia mantém maioria de juízes da oposição
Em pleito crucial para a gestão republicana de Donald Trump nos Estados Unidos, os candidatos democratas conquistaram espaços significativos nas eleições estaduais e locais realizadas nesta terça-feira (04/11). A começar com a vitória do socialista pró-Palestina Zohran Mamdani, que derrotou o ex-governador independente Andrew Cuomo, mesmo com endosso presidencial, para assumir a prefeitura de Nova York.
Em Nova Jersey, a candidata Mikie Sherrill venceu o republicano Jack Ciattarelli, este que também contou com o apoio do presidente republicano. Ao contrário do que as pesquisas eleitorais previam antes da contagem, indicando que seria uma disputa acirrada, Sherrill obteve uma vantagem de 13 pontos percentuais sobre Ciattarelli, 56,2% contra 43,2% respectivamente, com 95% das urnas apuradas.
Com um discurso enfático contra as políticas promovidas por Trump, usou dos anúncios na esfera estadual feitos pelo presidente, como por exemplo, o encerramento da construção de um túnel ferroviário vitalmente importante sobre o Rio Hudson, entre Nova York e Nova Jersey, para chamar a atenção da população local e impulsionar sua campanha.
Na Virgínia, Abigail Spanberger teve uma vantagem de 15 pontos percentuais sobre a candidata republicana Winsome Earle-Sears, 57,5% contra 42,3% respectivamente, com 96% das urnas apuradas. Com isso, Spanberger se torna a primeira mulher a governar o estado, que particularmente foi um dos mais afetados pelo shutdown de Trump.
“A Virgínia escolheu o pragmatismo em vez do partidarismo”, disse em seu discurso de vitória. “Vocês escolheram uma liderança que se concentrará incansavelmente no que mais importa: reduzir custos, manter nossa comunidade segura e fortalecer nossa economia para todos os virginianos”.
Focada em empregos e controle no custo de vida, durante sua campanha, Spanberger enfatizou também o seu apoio ao direito ao aborto e prometeu revogar uma ordem repressora que obriga a polícia estadual a cooperar com o governo federal na aplicação das leis anti-imigração. Contudo, vale lembrar que a governadora eleita é centrista, e em seu histórico político consta que chegou a obter apoio da Associação Benevolente da Polícia da Virgínia, a maior organização policial do estado.
As campanhas de Sherrill e Spanberger ganharam força especialmente nas últimas semanas, com o apoio do ex-presidente Barack Obama, que participou de comícios nos dois estados no último sábado (01/11). Em declarações públicas, o ex-mandatário pediu aos eleitores que combatam a “falta de lei e irresponsabilidade” do governo Trump.

As campanhas de Mikie Sherrill, de Nova Jersey, e Abigail Spanberger, de Virgínia, ganharam força nas últimas semanas com o apoio do ex-presidente Barack Obama
X/@MikieSherrill/@SpanbergerForVA
Na terça-feira, os democratas também saíram vitoriosos do referendo na Califórnia sobre a chamada “Proposição 50”, medida que se consolida como uma reação à iniciativa do Partido Republicano de redesenhar os distritos eleitorais em outros estados, como o Texas, antes das eleições legislativas que disputam pelo controle da Câmara dos Representantes no próximo ano. Ou seja, o mapa eleitoral aprovado concede aos democratas maior chance de reconquistar a casa em 2026.
Fora do Executivo
Na Suprema Corte da Pensilvânia, os eleitores locais reelegeram três juízes democratas, mantendo o equilíbrio partidário com cinco magistrados da oposição e dois republicanos. Os juízes Christine Donohue, Kevin Dougherty e David Wecht, que foram eleitos para o cargo pela primeira vez em 2015, enfrentaram na terça-feira uma eleição de retenção, enquanto os republicanos, apoiados pelo bilionário local Jeffrey Yass, esperavam destituir os três nomes para assumir o controle da mais alta corte do estado.
Sob controle democrata, a Suprema Corte estadual decidiu a favor do direito ao voto e ao aborto, além de derrubar manobras republicanas para manipular distritos eleitorais no Congresso e rejeitar as tentativas de Trump de anular a eleição presidencial de 2020.
Na Assembleia Legislativa da Virgínia, os democratas conquistaram 13 cadeiras. A vitória permitirá que o partido avance com uma série de propostas de emendas constitucionais que podem ser avaliadas já no próximo ano. Entre as medidas, o direito estadual fundamental à liberdade reprodutiva com a possibilidade de regulamentos sobre abortos, além da proteção ao direito do casamento LGBTQIAP+, e a restauração dos direitos de voto para pessoas que cumpriram sentenças criminais.
Apesar dos resultados, o jornal britânico Guardian lembra que “a imagem do partido [Democrata] ainda está em baixa. Em julho, seu índice de aprovação atingiu o nível mais baixo em 30 anos. Na semana passada, uma pesquisa de opinião do Washington Post, ABC News e Ipsos revelou que 68% dos norte-americanos acreditam que os democratas estão desconectados da realidade – um número superior aos 63% que compartilham da mesma opinião sobre Trump”.























