Com mediação da Malásia, Camboja e Tailândia anunciam cessar-fogo
Trégua é apontada por premiê malaio como passo para 'restauração da paz e segurança' na região; 200 mil foram deslocados pela guerra
Os líderes de Camboja e Tailândia chegaram a um acordo nesta segunda-feira (28/07) para um cessar-fogo incondicional após cinco dias de confrontos na fronteira entre os países. O premiê da Malásia, Anwar Ibrahim, mediou o encontro entre os primeiros-ministros cambojano, Hun Manet, e tailandês, Phumtham Wechayachai, que também teve a presença de representantes dos EUA e China.
O primeiro-ministro malaio, que também é presidente rotativo da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), disse que os dois lados chegaram a um “entendimento comum”, incluindo um “cessar-fogo imediato e incondicional”. “Este é um primeiro passo vital para a redução da tensão e a restauração da paz e da segurança”, disse.
Por sua vez, o premiê cambojano declarou que o acordo abre uma oportunidade para “voltar à normalidade”. “A solução anunciada pelo primeiro-ministro Anwar estabelece condições para avançar nas discussões bilaterais e recuperar a normalidade nas relações”, salientou Hun Manet.
Segundo o jornal britânico, The Guardian, Wechayachai, disse que o acordo “reflete o desejo da Tailândia por uma resolução pacífica”, acrescentando que seu país concordou com um cessar-fogo que “seria executado com sucesso e de boa-fé por ambos os lados”.
A interrupção dos combates chega após Donald Trump ter dito que só daria sequência às negociações comerciais com Phnom Penh e Bangkok quando houvesse uma trégua. Tanto Camboja quanto Tailândia podem enfrentar uma tarifa adicional de 36% a partir de 1º de agosto.

‘Este é um primeiro passo vital para a redução da tensão e a restauração da paz e da segurança’, declara Anwar Ibrahim sobre o cessar-fogo entre Camboja e Tailândia
@anwaribrahim / X
Hun Manet afirmou anteriormente que a reunião havia sido “coorganizada pelos Estados Unidos e com a participação da China”. A China tem fortes laços econômicos com a Tailândia e o Camboja, sendo um aliado próximo deste último.
Tailândia e Camboja também concordaram em retomar as comunicações diretas entre seus primeiros-ministros, ministros das Relações Exteriores e ministros da Defesa, disse Anwar.
Conflito
Os confrontos dos últimos cinco dias deixaram pelo menos 36 mortos e mais de 200 mil deslocados e foram os mais letais entre Camboja e Tailândia em mais de uma década, reacendendo as antigas tensões entre os dois países, que reivindicam territórios disputados em uma área conhecida como Triângulo Esmeralda.
Na quarta-feira (23/07), cinco militares tailandeses ficaram feridos após a explosão de minas terrestres durante uma patrulha na província de Ubon Ratchathani, um deles perdeu uma das pernas. O incidente foi o estopim da escalada iniciada na quinta-feira (24/07), com a expulsão do embaixador cambojano e ataques aéreos tailandeses contra alvos militares do país vizinho.
O conflito acontece após meses de tensões diplomáticas. A Tailândia acusa Phnom Penh de plantar novas minas deliberadamente, enquanto o governo cambojano diz que os explosivos são remanescentes da guerra civil.























