Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente colombiano, Gustavo Petro, ordenou nesta terça-feira (11/11) a suspensão imediata da colaboração de inteligência com agências de segurança dos EUA, em resposta a ataques a barcos e execuções extrajudiciais no Mar do Caribe e no Pacífico oriental.

A medida, anunciada em sua conta oficial X, estabelece que “todos os níveis de inteligência da força pública são obrigados a suspender as comunicações e outras negociações com as agências de segurança dos EUA”, enquanto os atentados realizados pelo governo Donald Trump persistirem.

O presidente justificou a decisão apontando que “a luta contra as drogas deve estar subordinada aos direitos humanos do povo caribenho” e reiterou que os ataques dos EUA constituem violações da soberania e do direito internacional.

A decisão segue as operações militares dos EUA na costa da Venezuela, no Mar do Caribe e no Pacífico Oriental, que deixaram cerca de 75 pessoas mortas e cerca de 20 barcos destruídos.

Esses ataques, realizados com mísseis contra pequenas embarcações, foram descritos por especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) como “execuções sumárias” e contrárias ao direito humanitário. O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou publicamente essas ações.

Gustavo Petro defendeu que luta contra narcotráfico “deve estar subordinada aos direitos humanos do povo caribenho”
Presidencia de Colombia/Flickr

A Colômbia se junta ao Reino Unido, que também suspenderá o compartilhamento de inteligência com os EUA sobre operações no Caribe, de acordo com relatos da mídia. Fontes consultadas pela CNN indicaram que Londres deixou de compartilhar dados para não ser considerada cúmplice de operações que considera ilegais, após anos de colaboração na localização de “narcobarcos” para interceptação pela Guarda Costeira dos EUA.

O governo colombiano criticou repetidamente a estratégia antidrogas de Washington. Gustavo Petro reiterou que seu governo prioriza o respeito à soberania e aos direitos humanos sobre a cooperação militar em contextos que considera ilegais.

A América Latina e o Caribe como zona de paz

Desde agosto, os Estados Unidos mantiveram cerca de oito navios de guerra em águas caribenhas, incluindo seis destróieres, três navios anfíbios e um submarino, no que os especialistas consideram ser seu maior desdobramento marítimo desde a primeira Guerra do Golfo Pérsico (1990-1991). Além disso, em 24 de outubro, o porta-aviões Gerald Ford e seu grupo de ataque foram enviados por ordem do Pentágono para a área de operações do Comando Sul.

Os governos da Venezuela, Colômbia e Cuba rejeitaram o destacamento militar e alertaram repetidamente sobre a ameaça que representa para a região. Assinalam que os ataques realizados com a justificativa de enfrentar o narcotráfico são, na realidade, uma política de força e intimidação contra os governos da região que mantêm posições soberanas ou contrárias aos interesses de Washington.

Nesse sentido, enfatizaram a necessidade de preservar a América Latina e o Caribe como uma “Zona de Paz”, conforme proclamado na Segunda Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), realizada em Havana em 2014.