Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou nesta quarta-feira (09/10) que o ex-vice-presidente Germán Vargas Lleras (2014-2017) seria um dos cúmplices da tentativa de golpe de Estado contra o seu governo, que ele denunciou no dia anterior.

Segundo o mandatário, “esta estratégia (de questionar a vitória de Petro nas eleições de 2022) foi proposta explicitamente por Néstor Humberto Martínez (ex-procurador geral da Colômbia) e por Germán Vargas Lleras”.

A declaração se refere ao anúncio feito pelo Conselho Nacional Eleitoral da Colômbia (CNE) sobre a abertura de um processo para investigar possíveis irregularidades no financiamento da campanha da coalizão governista Pacto Histórico nas eleições presidenciais de 2022 – vencida por Petro, que obteve 50,4% e superou o candidato da extrema direita, Rodolfo Hernández, que ficou com 47,3%.

O processo terá como réus os tesoureiros de campanha da coalizão Pacto Histórico: Ricardo Roa Barragán, María Lucy Soto e Juan Carlos Lemus, que teriam gasto 5,4 bilhões de pesos colombianos (equivalentes a R$ 7 milhões), superando o máximo permitido por lei, de acordo com um parecer incluído nos autos. Uma possível condenação poderia resultar na invalidação do resultado eleitoral que sustenta o mandato do atual presidente.

“Estamos perante um golpe de Estado baseado em provas falsas”, acrescentou Petro, na mensagem publicada em suas redes sociais.

Quem é Germán Vargas Lleras?

Tanto o ex-vice-presidente Germán Vargas Lleras quanto o ex-procurador geral Néstor Humberto Martínez, citados pelo mandatário colombiano em seu tuíte, são ex-militantes do Partido Liberal e foram co-fundadores do partido de direita Mudança Radical – presidido até hoje por Vargas Lleras.

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O apoio desse partido ao ex-presidente Juan Manuel Santos (2010-2018) permitiu a Vargas Lleras ser vice-presidente da Colômbia no segundo mandato do político liberal, entre 2014 e 2017 – ele se afastou do cargo no último ano para ser o candidato governista nas eleições de 2018, na qual terminou em quarto lugar, com 7,3% dos votos.

Porém, no período em que Vargas Lleras e Martínez militavam no Partido Liberal, eles foram companheiros de Benjamín Ortíz Torres, juiz do CNE que é um dos responsáveis pela denúncia contra Petro, e que milita na sigla liberal até hoje.

Presidência da Colômbia
Gustavo Petro afirmou que ex-vice-presidente colombiano estaria ligado a possível tentativa de golpe de Estado contra seu governo

O outro juiz que assina a acusação contra Petro é Álvaro Hernán Prada, ex-militar e membro do partido de extrema direita Centro Democrático, dos ex-presidentes Álvaro Uribe (2002-2010) e Iván Duque (2018-2022) – este último antecessor de Petro, que venceu tanto o atual mandatário quanto Germán Vargas Lleras no pleito presidencial de 2018.

A participação de Álvaro Hernán Prada como juiz eleitoral no processo contra Petro é o principal foco de controvérsia do caso, já que esse mesmo magistrado está sendo investigado pela Suprema Corte de Justiça da Colômbia por manipulação de testemunhas e fraude processual, crimes que ele supostamente teria cometido para beneficiar o ex-presidente Uribe em um caso que o político de extrema direita responde por corrupção.

Prada está envolvido no processo de Uribe desde 2019, mas passou a ter foro privilegiado a partir de 2021, após ser nomeado como membro do CNE pelo ex-presidente Duque. Os três formam parte do mesmo partido de extrema direita, o Centro Democrático.