Colômbia: Petro denuncia ex-vice-presidente por cumplicidade em tentativa de golpe
Atual mandatário afirma que Germán Vargas Lleras, aliado do ex-governante Juan Manuel Santos (2010-2018), está promovendo ‘narrativa baseada em provas falsas’
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou nesta quarta-feira (09/10) que o ex-vice-presidente Germán Vargas Lleras (2014-2017) seria um dos cúmplices da tentativa de golpe de Estado contra o seu governo, que ele denunciou no dia anterior.
Segundo o mandatário, “esta estratégia (de questionar a vitória de Petro nas eleições de 2022) foi proposta explicitamente por Néstor Humberto Martínez (ex-procurador geral da Colômbia) e por Germán Vargas Lleras”.
Esta es la trampa de Lorduy:
Claro que el CNE no es competente para que yo deje el cargo, pero abrió la puerta al formular cargos de manera inconstitucional.
Es un prevaricato que busca el golpe parlamentario. No se me acusará de ningún delito, que no he cometido, se me hará… https://t.co/sDlHHpiAIv
— Gustavo Petro (@petrogustavo) October 9, 2024
A declaração se refere ao anúncio feito pelo Conselho Nacional Eleitoral da Colômbia (CNE) sobre a abertura de um processo para investigar possíveis irregularidades no financiamento da campanha da coalizão governista Pacto Histórico nas eleições presidenciais de 2022 – vencida por Petro, que obteve 50,4% e superou o candidato da extrema direita, Rodolfo Hernández, que ficou com 47,3%.
O processo terá como réus os tesoureiros de campanha da coalizão Pacto Histórico: Ricardo Roa Barragán, María Lucy Soto e Juan Carlos Lemus, que teriam gasto 5,4 bilhões de pesos colombianos (equivalentes a R$ 7 milhões), superando o máximo permitido por lei, de acordo com um parecer incluído nos autos. Uma possível condenação poderia resultar na invalidação do resultado eleitoral que sustenta o mandato do atual presidente.
“Estamos perante um golpe de Estado baseado em provas falsas”, acrescentou Petro, na mensagem publicada em suas redes sociais.
Quem é Germán Vargas Lleras?
Tanto o ex-vice-presidente Germán Vargas Lleras quanto o ex-procurador geral Néstor Humberto Martínez, citados pelo mandatário colombiano em seu tuíte, são ex-militantes do Partido Liberal e foram co-fundadores do partido de direita Mudança Radical – presidido até hoje por Vargas Lleras.
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O apoio desse partido ao ex-presidente Juan Manuel Santos (2010-2018) permitiu a Vargas Lleras ser vice-presidente da Colômbia no segundo mandato do político liberal, entre 2014 e 2017 – ele se afastou do cargo no último ano para ser o candidato governista nas eleições de 2018, na qual terminou em quarto lugar, com 7,3% dos votos.
Porém, no período em que Vargas Lleras e Martínez militavam no Partido Liberal, eles foram companheiros de Benjamín Ortíz Torres, juiz do CNE que é um dos responsáveis pela denúncia contra Petro, e que milita na sigla liberal até hoje.

Presidência da Colômbia
Gustavo Petro afirmou que ex-vice-presidente colombiano estaria ligado a possível tentativa de golpe de Estado contra seu governo
O outro juiz que assina a acusação contra Petro é Álvaro Hernán Prada, ex-militar e membro do partido de extrema direita Centro Democrático, dos ex-presidentes Álvaro Uribe (2002-2010) e Iván Duque (2018-2022) – este último antecessor de Petro, que venceu tanto o atual mandatário quanto Germán Vargas Lleras no pleito presidencial de 2018.
A participação de Álvaro Hernán Prada como juiz eleitoral no processo contra Petro é o principal foco de controvérsia do caso, já que esse mesmo magistrado está sendo investigado pela Suprema Corte de Justiça da Colômbia por manipulação de testemunhas e fraude processual, crimes que ele supostamente teria cometido para beneficiar o ex-presidente Uribe em um caso que o político de extrema direita responde por corrupção.
Prada está envolvido no processo de Uribe desde 2019, mas passou a ter foro privilegiado a partir de 2021, após ser nomeado como membro do CNE pelo ex-presidente Duque. Os três formam parte do mesmo partido de extrema direita, o Centro Democrático.























