Colômbia e Peru reforçam soberania sobre ilha amazônica disputada

A crise diplomática entre Peru e Colômbia em torno da Ilha de Santa Rosa, localizada na região de tríplice fronteira entre Colômbia, Peru e Brasil, ganha um novo capítulo nesta quinta-feira (07/08), com ambos os governos marcando presença na região em disputa.

Uma comitiva do governo peruano, liderada pelo primeiro-ministro Eduardo Arana, visita a cidade de Santa Rosa de Loreto para lançar uma ação social do programa PIAS, que oferece serviços públicos a comunidades indígenas da Amazônia peruana.

Já do lado colombiano da fronteira, o presidente Gustavo Petro estará em Leticia, onde lidera a comemoração do Dia da Batalha de Boyacá — marco da independência da Colômbia comemorado em 7 de Agosto — em um gesto simbólico de reforço da presença do Estado na região amazônica.

Horas antes da visita oficial, tropas do Exército peruano foram deslocadas à ilha Santa Rosa de Yavarí para instalar bandeiras nacionais e reafirmar a soberania do país sobre o território, segundo La República. A comitiva conta com representantes de diferentes instituições estatais do Peru.

O conflito

Nesta terça-feira (06/08), o governo colombiano apresentou um protesto formal ao governo do Peru pela inclusão da Ilha de Santa Rosa como território peruano, sem qualquer processo de mediação ou acordo bilateral. Bogotá acusa Lima de violar o Tratado de Rio de Janeiro de 1934, ao incorporar o território, por meio de legislação interna, sem consulta à Colômbia.

O presidente Gustavo Petro afirmou que convocará a Comissão Binacional de Fronteiras (COMPERIF) para a resolução do conflito diplomático. O caso também poderá ser levado ao Tribunal de Haia.

Em entrevista à Blue Rádio, o ministro do Interior, Armando Benedetti afirmou que poderá levar o caso à Corte Internacional de Justiça, após acusar o governo peruano de agir unilateralmente. Ele advertiu que “se não se seguirem os canais diplomáticos, a coisa pode ficar feia”.

O ministro da Defesa da Colômbia, Pedro Sánchez, também se pronunciou. Ele disse que embora o governo esteja comprometido com a diplomacia, as Forças Armadas do país “estão alinhadas com a lei e prontas para agir”.

Colômbia e Peru reforçam soberania sobre ilha amazônica disputada
Vitogustavo / Wikimedia Commons

Peru

Em nota, a chancelaria peruana afirma exercer “legítima e legalmente atos de jurisdição” sobre a área, sustentando que a incorporação da ilha à província de Loreto segue parâmetros legais do país conforme os limites políticos definidos no Tratado de 1922 e os trabalhos da Comissão Mista Demarcadora.

“Santa Rosa é peruana, assim como Leticia é colombiana. O Peru não vai ceder nem um metro de seu território”, afirmou o ministro das Relações Exteriores do país, Elmer Schialer.

A imprensa peruana também reagiu. O tradicional jornal El Comercio classificou as acusações de Petro como o mais recente “episódio de uma estratégia desesperada de criar conflitos externos para desviar a atenção da crise interna que está corroendo seu governo”, escreveu em editorial.

Na plataforma X, Petro condenou a matéria e cobrou a imprensa colombiana por tratar com “indiferença” o que considera uma ameaça grave à soberania nacional. “Parece que não sabem o que significa que Leticia morra”, afirmou.