Sábado, 6 de dezembro de 2025
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No encerramento do terceiro ciclo de negociações da Mesa de Diálogo entre o governo da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional (ELN), nesta sexta-feira (09/06), o presidente colombiano Gustavo Petro e os representantes do movimento guerrilheiro assinaram um acordo de paz que estabelece um cessar-fogo temporário no país.

Esta última etapa de negociações aconteceu na cidade de Havana, capital de Cuba, e contou com a mediação do presidente cubano Miguel Díaz-Canel e do chanceler do país socialista, Bruno Rodríguez, além de representantes de outros cinco países envolvidos no debate: Brasil, Venezuela, México, Chile e Noruega.

Em seu discurso após a assinatura do acordo, o presidente Petro mencionou o célebre escritor colombiano Gabriel García Márquez, mais conhecido como “Gabo”, vencedor do Nobel de Literatura de 1982. “O mundo das armas e de matarmos uns aos outros durante décadas, essa guerra perpétua, ou a ‘solidão perpétua’, como dizia Gabo, deve cessar. A violência que vivemos por gerações impediu que pudéssemos nos construir como nação”, afirmou.

Petro também fez alusão às fracassadas tentativas anteriores de se colocar fim à guerra civil no país. “Nós estamos do lado da vida e vocês, mulheres e homens comandantes do ELN, ao assinar esses acordos progressivos, estão se colocando em uma situação muito diferente de quando foram assinados os acordos anteriores de 1984 e 1989. De certa forma, isso é o fim de uma fase: a insurgência armada na América Latina, com seus mitos e realidades”, comentou o líder colombiano.

Para o líder colombiano, a luta pela paz gerou o que há de “melhor na história” da Colômbia, destacando que, ao mesmo tempo, as tentativas dos que lutaram contra os acordos de paz foi o “pior na história” do país, “incluindo genocídio e morte. Vocês [ELN] propõem um Acordo Nacional e eu estou de acordo, agora a sociedade colombiana precisa debater esse acordo e participar dele”.

Parâmetros do acordo

O acordo assinado nesta sexta inaugura o “processo de preparação para a participação da sociedade na construção da paz”, que se inicia com um cessar-fogo bilateral em todo o território colombiano.

Resultado do acordo ocorre no terceiro ciclo de negociações em Cuba; plena implementação do cessar-fogo deve ocorrer a partir de agosto

Presidência de Cuba

Gustavo Petro cumprimenta o comandanto da ELN, António García, diante do presidente cubano Miguel Díaz-Canel, mediador do acordo

A preparação durará até o dia 5 de julho e consistirá na elaboração dos protocolos pendentes relacionados às políticas de reparação das vítimas e de conformação de um tribunal de justiça especial para julgar os casos referentes à guerra civil.

Além disso, os instrumentos já estabelecidos no acordo garantem a criação de um programa de atividades pedagógicas para difundir as normas do acordo de paz entre a cidadania colombiana.

Também será criado um canal de comunicação pelo qual as duas partes deverão se manter em contato permanente, com a mediação de representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) e dos seis países que intermediaram as negociações.

A plena implementação do cessar-fogo deve ocorrer a partir do próximo dia 3 de agosto “quando já deverão estar funcionando os protocolos e mecanismo de monitoramento e verificação em todas as suas instâncias”.

A partir de então, o processo deverá passar por um período de avaliação dos avanços na implementação dos protocolos a cada seis meses, até maio de 2025, quando se discutirá a possibilidade de um cessar-fogo definitivo, a depender do cumprimento das metas acordadas anteriormente.

Também ficou estabelecido que os representantes da Mesa de Diálogo entrarão em “atividade permanente, combinando diferentes modalidades de trabalho, para fiscalizar o cumprimento dos parâmetros acordados e manter vigente as negociações para o aprimoramento dos mesmos”, segundo o texto do documento.

Vale recordar que a Mesa de Diálogos de Paz entre o ELN e o governo da Colômbia teve sua primeira etapa em novembro de 2022, na cidade de Caracas, capital da Venezuela. O segundo encontrou teve como sede a Cidade do México, e aconteceu entre fevereiro e março de 2023.

(*) Com informações de Prensa Latina e TeleSur.