Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

O governo da Cidade do México considerou nesta sexta-feira (18/07) que a remoção das estátuas dos revolucionários cubanos Fidel Castro e Che Guevara de um jardim público por ordem de Alessandra Rojo, prefeita de Cuauhtémoc, distrito da capital mexicana, foi ilegal.

“Em 16 de julho de 2025, a Prefeitura de Cuauhtémoc retirou a escultura de sua localização oficial no Jardim Tabacalera sem as autorizações legais correspondentes”, advertiu o governo por meio de um comunicado.

De acordo com o documento oficial, a remoção do monumento denominado “Encuentro” não seguiu as normas do Comitê de Monumentos e Obras Artísticas em Espaços Públicos da Cidade do México (COMAEP).

Além disso, informou que o COMAEP “não recebeu uma solicitação formal para que a remoção fosse analisada”, sendo que “a decisão de instalar a escultura foi submetida” ao órgão, e portanto, estava dentro das normas. 

“A retirada da escultura está fora das normas estabelecidas”, finalizou o governo, informando que continuará acompanhando o caso. 

A resposta oficial rebate a posição da prefeita de Cuauhtémoc, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que faz oposição ao Movimento de Regeneração Nacional (Morena), que comanda a Cidade do México e o governo federal. 

Rojo justificou a remoção da estátua por supostamente não ter as licenças necessárias para estar no local. Também acrescentou que a remoção havia sido feita após reclamações de moradores. 

O monumento feito pelo escultor mexicano Óscar Ponzanelli homenageia o primeiro encontro entre os revolucionários cubanos, realizado em um edifício localizado no bairro de Tabacalera, na Cidade do México, em julho de 1955. 

Popularmente conhecido como o “banco de Che e Fidel”, a obra consistia em um banco de parque com esculturas de corpo inteiro de ambos os líderes. A estátua era feita com bronze fundido e pesava aproximadamente 250 quilos.

Remoção do monumento é “traição à história”

Questionada sobre o assunto na última quinta-feira (17/07), a presidente do México, Claudia Sheinbaum, já havia considerado que a remoção do monumento foi realizada de forma errada. 

“Se a intenção deles é que o monumento não exista mais, conversaremos com o governo da da Cidade do México, porque é um momento histórico, independentemente de concordarmos ou discordarmos de uma figura ou outra”, afirmou.

Monumento em La Tabacalera homenageia primeiro encontro entre Fidel e Che, realizado na Cidade do México, em julho de 1955
Mov. Mexicano de Solidaridad con Cuba/X

Já o embaixador de Cuba no México, Marco Rodríguez Costa, declarou que “a verdadeira Revolução não é feita de pedra ou bronze”, mas sim  “uma consciência transformada, a vontade coletiva de lutar e construir um mundo mais justo”.

“Recordemos o conceito de Revolução de Fidel: ‘Não há força no mundo capaz de esmagar o poder da verdade e das ideias’”, escreveu por meio das redes sociais, sem mencionar diretamente a remoção do monumento.

Por sua vez, organizações como a Associação José Martí de Cubanos Residentes no México condenaram a remoção e exigiram a substituição imediata do monumento, que é considerado um símbolo de amizade entre os dois países.

Na visão da associação, o ato não é uma simples mudança ou uma decisão administrativa, mas sim “um gesto covarde de apagamento histórico” e “uma capitulação às pressões de setores reacionários que buscam arrancar todos os vestígios de dignidade, memória e rebelião”.

A organização ainda defendeu que a presença de ambas as figuras em La Tabacalera, que é “um território historicamente ligado a causas operárias, populares e emancipatórias — foi um ato de justiça simbólica e afirmação política” e “removê-las é uma traição à história”.

“Tentar apagar aqueles que deram suas vidas pela causa dos oprimidos apenas demonstra o medo que seu exemplo gera. Não basta mentir sobre Cuba e criminalizar a Revolução; agora querem eliminar seus líderes dos espaços públicos”, acrescenta o documento.

Outras organizações se juntaram ao movimento, incluindo os partidos Popular Socialista e Comunista, a Frente da Juventude Comunista e o Movimento Mexicano de Solidariedade com Cuba, que expressaram sua indignação e alertaram que não tolerariam o rompimento dos laços de irmandade entre os dois países.

“Acreditamos que a remoção da escultura é um ataque aos cidadãos que protegeram este espaço, considerado um marco na história entre México e Cuba”, enfatizou o grupo em um comunicado.

(*) Com Gazeta do Povo, Prensa Latina e TeleSUR