China suspende importações de frutos do mar japoneses em meio crise diplomática
Porta-voz chinesa afirmou que medida é resposta aos comentários ‘retrógrados e errados’ da primeira-ministra do Japão sobre Taiwan
O aumento da crise diplomática entre a China e o Japão levou Pequim a suspender, nesta quarta-feira (19/11), a importação de frutos do mar de Tóquio.
Segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, a medida é consequência dos comentários “retrógrados e errados” da primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, sobre possível envolvimento militar Taiwan.
A China ainda levou em consideração o “descumprimento dos compromissos de segurança alimentar” pela parte japonesa. Segundo Mao, o Japão não entregou os materiais técnicos prometidos para garantir a segurança de seus produtos aquáticos exportados para a China.
A medida foi anunciada meses após a suspensão de uma decisão similar, que havia sido emitida em 2023. Na época, Pequim impôs a restrição em resposta à decisão do Japão em liberar água residual da usina nuclear de Fukushima, danificada e desativada, no oceano. Na época, as exportações para a China representavam um quinto do setor japonês.
Mao também enfatizou que os comentários de Takaichi encontraram forte rejeição no país: “Na situação atual, mesmo que os produtos aquáticos japoneses sejam exportados para a China, não haverá mercado”, ressaltou.

Segundo porta-voz china, comentários de premiê japonesa encontraram “forte rejeição no país”
maoning_mfa/Instagram
Japão não deve fazer parte do Conselho de Segurança da ONU
Pequim também rejeitou a possível incorporação do Japão como membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Mao lembrou que Tóquio não atende aos requisitos devido à sua falta de reflexão sobre os crimes de guerra cometidos durante a Segunda Guerra Mundial.
Segundo a autoridade chinesa, o Japão não renunciou completamente ao seu passado militarista, como evidenciado pelas visitas ao Santuário Yasukuni, templo que presta homenagem a criminosos de guerra e soldados que cometeram atrocidades sob o domínio colonial japonês na China e Coreia.
A porta-voz lembrou que o militarismo japonês já usou a narrativa da “crise existencial”, como resgatado agora pela premiê Takaichi, para justificar invasões como a da Manchúria, na China, em 1931 e o ataque a Pearl Harbor, nos Estados Unidos, em 1941.
Takaichi declarou recentemente perante a Dieta (Parlamento japonês) que, se a China atacasse Taiwan, reconhecido por Pequim como seu território, isso criaria uma “crise existencial” para o Japão, o que implicaria a mobilização das “Forças de Autodefesa” e a intervenção no conflito do Estreito de Taiwan.
Mao indicou que a Carta das Nações Unidas proíbe o uso da força para resolver disputas e que o Japão, de acordo com a Proclamação de Potsdam, que estabeleceu os termos para o fim da Segunda Guerra Mundial, e sua constituição, “deve manter seu caráter pacífico”.
“A comunidade internacional deve resistir a qualquer tentativa de reviver o militarismo japonês, especialmente no contexto do 80º aniversário da vitória contra a agressão japonesa”, celebrado em setembro passado.
O Ministério das Relações Exteriores da China enfatizou, por fim, que o governo japonês deve retratar-se sobre suas declarações acerca Taiwan, caso contrário, “Tóquio arcará com toda a culpa por quaisquer medidas futuras”.
(*) Com Prensa Latina, Xinhua e informações de The Guardian























