Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Um porta-voz da Embaixada da China no Japão questionou se Tóquio está “tentando repetir seus erros do passado” na noite de segunda-feira (10/11), em resposta à declaração da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmando que uma emergência em Taiwan, caso envolvesse o uso de navios e forças militares chinesas, poderia constituir uma “situação de risco de sobrevivência” para o Japão, e que as Forças de Autodefesa do Japão poderiam exercer o direito de autodefesa-coletiva.

Este ano marca o 80º aniversário da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e na Guerra Mundial Antifascista. “O Japão deve refletir profundamente sobre suas responsabilidades em tempos de guerra e aprender com a história”, acrescentou.

A polêmica entre os países se intensificou no fim de semana depois que a cônsul-geral chinesa em Osaka, Xue Jian, disse em uma postagem no X, em postagem que fazia referência a seus comentários anteriores sobre Taiwan: “Não temos escolha a não ser cortar esse pescoço sujo que nos foi imposto sem hesitação. Estão preparados?”

Autoridades em Tóquio condenaram a publicação de Xue, que já foi removida, como “extremamente inadequada”. “Protestamos veementemente e exigimos que fosse retirado imediatamente”, disse o porta-voz sênior do governo japonês, Minoru Kihara, a repórteres esta semana, segundo o jornal britânico The Guardian, acrescentando que estava “ciente de vários outros comentários inadequados” feitos por Xue.

Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, afirmou que a publicação de Xue foi uma resposta às declarações “equivocadas e perigosas” de Takaichi sobre Taiwan.

“A China insta veementemente o Japão a refletir sobre sua culpa histórica na questão de Taiwan… e a parar de enviar sinais errados às forças separatistas pró-independência de Taiwan”, disse ele.

Japão e China entram em crescente atrito após premiê Takaichi afirmar que conflito com Taiwan poderia desencadear uso de forças militares

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@takaichi_sanae / X

Karen Kuo, porta-voz da autoridade administrativa da região de Taiwan, afirmou em comunicado que o governo taiwanês “leva a sério as declarações ameaçadoras feitas por autoridades chinesas em relação ao Japão. Tal comportamento claramente ultrapassa a etiqueta diplomática”.

Em uma postagem no X, o embaixador dos EUA no Japão, George Glass, disse em referência aos comentários de Xue: “A máscara caiu – de novo”, acrescentando que as palavras do diplomata chinês “ameaçaram” Takaichi e o povo japonês.

Essa última disputa começou apenas uma semana depois de Pequim acusar Takaichi de comportamento “escandaloso” por se encontrar com um importante assessor do presidente de Taiwan, Lai Ching-te, à margem da Apec, e publicar fotos do encontro nas redes sociais.

Embora a Constituição japonesa do pós-guerra proíba o uso da força como meio de resolver disputas internacionais, uma lei de 2015 – aprovada quando o mentor de Takaichi, Shinzo Abe, era primeiro-ministro – permite o exercício da autodefesa coletiva em certas situações, mesmo que o país não esteja diretamente sob ataque.