China alerta Japão para 'não repetir erros do passado' após declaração de premiê
Sanae Takaichi disse que Tóquio poderia intervir em possível ataque contra Taiwan em caso de ameaça ao país
Um porta-voz da Embaixada da China no Japão questionou se Tóquio está “tentando repetir seus erros do passado” na noite de segunda-feira (10/11), em resposta à declaração da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmando que uma emergência em Taiwan, caso envolvesse o uso de navios e forças militares chinesas, poderia constituir uma “situação de risco de sobrevivência” para o Japão, e que as Forças de Autodefesa do Japão poderiam exercer o direito de autodefesa-coletiva.
Este ano marca o 80º aniversário da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e na Guerra Mundial Antifascista. “O Japão deve refletir profundamente sobre suas responsabilidades em tempos de guerra e aprender com a história”, acrescentou.
A polêmica entre os países se intensificou no fim de semana depois que a cônsul-geral chinesa em Osaka, Xue Jian, disse em uma postagem no X, em postagem que fazia referência a seus comentários anteriores sobre Taiwan: “Não temos escolha a não ser cortar esse pescoço sujo que nos foi imposto sem hesitação. Estão preparados?”
Autoridades em Tóquio condenaram a publicação de Xue, que já foi removida, como “extremamente inadequada”. “Protestamos veementemente e exigimos que fosse retirado imediatamente”, disse o porta-voz sênior do governo japonês, Minoru Kihara, a repórteres esta semana, segundo o jornal britânico The Guardian, acrescentando que estava “ciente de vários outros comentários inadequados” feitos por Xue.
Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, afirmou que a publicação de Xue foi uma resposta às declarações “equivocadas e perigosas” de Takaichi sobre Taiwan.
“A China insta veementemente o Japão a refletir sobre sua culpa histórica na questão de Taiwan… e a parar de enviar sinais errados às forças separatistas pró-independência de Taiwan”, disse ele.

Japão e China entram em crescente atrito após premiê Takaichi afirmar que conflito com Taiwan poderia desencadear uso de forças militares
@takaichi_sanae / X
Karen Kuo, porta-voz da autoridade administrativa da região de Taiwan, afirmou em comunicado que o governo taiwanês “leva a sério as declarações ameaçadoras feitas por autoridades chinesas em relação ao Japão. Tal comportamento claramente ultrapassa a etiqueta diplomática”.
Em uma postagem no X, o embaixador dos EUA no Japão, George Glass, disse em referência aos comentários de Xue: “A máscara caiu – de novo”, acrescentando que as palavras do diplomata chinês “ameaçaram” Takaichi e o povo japonês.
Essa última disputa começou apenas uma semana depois de Pequim acusar Takaichi de comportamento “escandaloso” por se encontrar com um importante assessor do presidente de Taiwan, Lai Ching-te, à margem da Apec, e publicar fotos do encontro nas redes sociais.
Embora a Constituição japonesa do pós-guerra proíba o uso da força como meio de resolver disputas internacionais, uma lei de 2015 – aprovada quando o mentor de Takaichi, Shinzo Abe, era primeiro-ministro – permite o exercício da autodefesa coletiva em certas situações, mesmo que o país não esteja diretamente sob ataque.























