Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A China acolheu a decisão dos Países Baixos de suspender a ordem administrativa contra a fabricante de semicondutores Nexperia, mas considerou a medida insuficiente para resolver a crise que paralisou cadeias de suprimentos globais nas últimas semanas. Segundo o Ministério do Comércio da China, a suspensão representa “um primeiro passo na direção certa para uma solução adequada”, ao mesmo tempo em que Pequim exige a revogação total da ordem.

A ordem concedia aos Países Baixos poderes para bloquear ou revisar decisões na Nexperia, sediada em Nijmegen.

Os governos dos dois países realizaram duas rodadas de consultas presenciais em Pequim nos dias 18 e 19 de novembro sobre a questão da Nexperia, de acordo com o ministério chinês. Durante as negociações, a Holanda propôs suspender a ordem emitida ao abrigo da Lei de Disponibilidade de Bens. Entretanto, conforme informou o Ministério do Comércio, a suspensão “ainda está a um passo de revogar a ordem executiva, o que abordaria a causa raiz da turbulência e do caos na cadeia de suprimentos global de semicondutores”.

O ministério chinês indicou ainda que a decisão do tribunal empresarial neerlandês, “liderada pelo Ministério de Assuntos Econômicos dos Países Baixos”, de retirar o controle da Wingtech Technology sobre a Nexperia “permanece como principal obstáculo para resolver a questão”. A China reiterou durante as consultas que “a fonte e a responsabilidade pelo atual caos na cadeia de suprimentos global de semicondutores reside nos Países Baixos”, segundo o ministério.

Em comunicado divulgado pelo governo holandês, o ministro de Assuntos Econômicos, Vincent Karremans, afirmou que considera “o momento adequado para dar um passo construtivo” após as reuniões com autoridades chinesas nos últimos dias. De acordo com o comunicado oficial, as medidas tomadas por Pequim para garantir o fornecimento de chips à Europa e ao restante do mundo são vistas como “um gesto de boa vontade”. A decisão foi tomada “em estreita consulta com parceiros europeus e internacionais”, informou o ministério neerlandês.

A crise teve início em 30 de setembro, quando os Países Baixos invocaram pela primeira vez desde 1952 a Lei de Disponibilidade de Bens para assumir controle sobre decisões estratégicas da Nexperia, alegando preocupações com transferência irregular de ativos, recursos, tecnologia e conhecimento pelo então CEO Zhang Xuezheng, conforme documentos oficiais do governo neerlandês.

No dia seguinte, a Câmara Empresarial do Tribunal de Apelação de Amsterdã afastou o executivo e transferiu as ações da empresa para um administrador. Em resposta, o Ministério do Comércio chinês bloqueou em 4 de outubro as exportações de semicondutores das fábricas chinesas da Nexperia.

Ambos os lados acordaram durante as negociações em “eliminar a intervenção administrativa” e apoiar as empresas na resolução de disputas internas “por meio de negociação e de acordo com a lei”, segundo o Ministério do Comércio da China. A medida, afirmou a pasta, “protegerá os direitos e interesses legítimos dos investidores e criará condições mais favoráveis para restaurar a segurança e estabilidade da cadeia de suprimentos global de semicondutores”.

A China disse que espera que os Países Baixos “continuem demonstrando sinceridade na cooperação” e apresentem “propostas genuinamente construtivas” para solucionar o impasse, de acordo com o Ministério do Comércio.