Chanceler da Holanda renuncia após impasse nas sanções contra Israel
Além de Caspar Veldkamp, ministros e secretários de Estado do partido Novo Contrato Social (NSC) também saíram do governo interino holandês
O ministro das Relações Exteriores da Holanda, Caspar Veldkamp, anunciou sua renúncia após um impasse na adoção de sanções contra Israel pelo governo interino da Holanda. Ex- embaixador da Holanda em Israel, ele apresentou a renúncia após uma reunião de gabinete, na noite da última sexta-feira (22/08).
“Vivemos um tempo de tensões geopolíticas sem precedentes, no qual a diplomacia importa mais do que nunca”, destacou em comunicado.
Também saíram do governo os ministros e secretários de Estado do partido de Veldkamp, Novo Contrato Social (NSC), abrindo uma nova crise no governo interino na Holanda. A legenda de centro-direita criticou a posição do liberal VVD e do populista Movimento Camponês-Cidadão (BBB) que “se recusam a reconhecer a gravidade da situação em Gaza e a tomar medidas necessárias”.
Um dia antes, a Holanda havia se unido a outras 20 nações em uma declaração conjunta condenando os assentamentos anunciados por Israel na Cisjordânia ocupada.
Em publicação na plataforma X, o Ministério das Relações Exteriores declarou que a “aprovação israelense do seu plano ilegal de construção da E1 alimenta ainda mais violência e instabilidade, e representa mais um passo em direção a uma solução negociada de dois Estados”.
“Juntamo-nos ao Reino Unido e outros parceiros na condenação desta decisão e apelamos à sua revogação imediata e nos termos mais veementes”, acrescentou.

Ministro das Relações Exteriores da Holanda, Caspar Veldkamp, anuncia renúncia após impasse na adoção de sanções contra Israel
@Ministério das Relações Exteriores da Holanda
Em julho, Veldkamp impediu que entrasse no país os ministros israelenses de extrema direita, Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich, por incitarem a violência dos colonos contra os palestinos.
Segundo o correspondente Step Vaessen, da Al Jazeera, o chanceler holandês estava sob pressão interna da oposição para adotar sanções mais severas contra Israel. Ao mesmo tempo, ele vinha pressionando a União Europeia pela suspensão do acordo comercial com o governo Netanyahu, e estava “cada vez mais frustrado com o bloqueio da Alemanha”.
A população holandesa também se levantou por medidas mais firmes do país contra o genocídio em Gaza. Em junho deste ano, entre 100 mil e 150 mil pessoas protestaram nas ruas do país em defesa da população palestina. Foi a maior manifestação no país em duas décadas.
Caças F-35
Segundo pesquisa do Movimento da Juventude Palestina, compartilhada com a Al Jazeera, a Holanda continua a dar suporte à cadeia de fornecimento do caça F-35 de Israel, são usados nos ataques aéreos diariamente.
Nenhum sucessor para Veldkamp foi anunciado. A saída do NSC fragiliza o governo interino holandês cuja coalização anterior, liderada pelo primeiro-ministro Dick Schoof, entrou em colapso após a saída do partido de extrema direita PVV, de Geert Wilders, por discordar das políticas migratórias do país.
A coalizão, formada após seis meses de negociações e considerada a mais à direita da história do país, vinha enfrentando dificuldades para alcançar consensos desde sua posse em julho de 2024. Frente a crise política, a Holanda instituiu o atual governo interino e convocou eleições antecipadas para 29 de outubro.























