Candidato de Milei admite propina de narcotráfico e complica chances eleitorais
José Luis Espert recebeu US$ 200 mil de empresário investigado nos EUA; crise na Casa Rosada aumenta com duas novas derrotas em votações no Congresso
A crise enfrentada pelo governo de Javier Milei na Argentina se aprofundou na noite desta quinta-feira (02/10), quando vieram à tona documentos do Bank of America que comprovam uma transferência de US$ 200 mil feita pelo empresário Fred Machado, investigado nos Estados Unidos por vínculos com o narcotráfico, ao deputado José Luis Espert, um dos principais aliados políticos do mandatário.
A situação se agravou minutos depois, quando o próprio Espert difundiu um vídeo em suas redes sociais admitindo o recebimento da transferência, mas alegando que se tratava de pagamento por um “serviço de consultoria” que ele teria prestado para uma empresa mineradora com sede na Guatemala e que também estaria ligada a Machado.
Segundo o site argentino El Destape, o vídeo com a confissão gerou uma contradição com a narrativa de que ele não tinha nenhum tipo de envolvimento com o empresário investigado nos Estados Unidos, versão que o parlamentar vinha defendendo até então.
O caso afeta diretamente a Milei, já que Espert é um economista conhecido por sua ligação pessoal e ideológica com o presidente – ambos se definem como “anarcocapitalistas”.
Ademais, como deputado e representante da Província de Buenos Aires na Câmara, Espert lidera a lista parlamentar do partido de extrema direita A Liberdade Avança para as eleições programadas para o próximo dia 26 de outubro, nesse que é o colégio eleitoral mais numeroso da Argentina.

José Luis Espert é considerado um dos principais aliados ideológicos do presidente argentino, já que ambos se definem como economistas anarcocapitalitas
Javier Milei / X
O El Destape também relata que as recentes descobertas sobre a relação com Machado geraram pressões por parte de outros partidos de direita que integram a base governista para que o deputado renunciasse à sua candidatura.
Porém, no mesmo vídeo, o economista anarcocapitalista garantiu que irá se manter em campanha. “Isso (a denúncia contra ele) é uma manobra tosca promovida pelo kirchnerismo para tentar manipular as eleições, mas não irá me afetar”, comentou.
Nesta sexta-feira (03/10), o porta-voz da Casa Rosada, Marcelo Adorni, disse que o presidente apoia a versão de Espert de que o dinheiro recebido de Machado consiste em “um negócio entre privados” e que não se trataria de uma ilegalidade, mas advertiu que “se são necessárias mais explicações sobre o caso ele tem o dever de entregá-las”.
Mais derrotas no legislativo
Na mesma quinta-feira, o governo de Milei sofreu outras duas derrotas no Congresso, mais precisamente no Senado, onde a oposição rejeitou o veto ao financiamento universitário pela segunda vez, com 58 votos a favor, sete contra contrários e quatro abstenções; e em seguida aprovou a lei que declara Emergência Pediátrica ao Hospital Garrahan, que obteve 59 votos a favor, sete contrários três abstenções.
A reação da Casa Rosada a esse resultado também gerou críticas de parte da imprensa, já que o porta-voz Adorni se referiu à lei de proteção ao Garrahan como um projeto impulsionado pelo governo, omitindo o fato de que o presidente e seu partido tentaram cortar o orçamento do hospital e articularam a bancada governista para impedir que a lei fosse aprovada no Congresso.
Com informações de El Destape e Página/12.























