Candidato de esquerda à presidência no Peru é preso e condenado a 15 anos
Guillermo Bermejo foi acusado de ligações com Sendero Luminoso; defesa denuncia 'perseguição política' para impedi-lo de concorrer em 2026
O deputado peruano Guillermo Bermejo, do partido de esquerda Peru Livre, encontra-se detido deste segunda-feira (27/10) na prisão máxima de Ancón I. Candidato à presidência no próximo ano, ele foi condenado a 15 anos de detenção após ser acusado de ter ligações com o grupo armado Sendero Luminoso.
A condenação por “crime de filiação a organização terrorista” foi proferida na sexta-feira (24/10), pelo Terceiro Tribunal Superior Penal, alegando a participação de Bermejo, em 2008 e 2009, de encontros políticos com o grupo e treinamento em regiões andinas como Apurímac, Ene, Mantaro e Valle de los Ríos.
A defesa do deputado rejeita integralmente todas as acusações e afirma que o processo é parte de uma perseguição política destinada a impedir a sua candidatura às eleições presidenciais de 2026. Com a sentença, Bermejo perdeu os direitos políticos e foi afastado do mandato no Congresso peruano.
“Estão falando de um caso ocorrido em 2008 e 2009, mas só abriram uma investigação em 2015; e depois de mais 10 anos, dizem que Bermejo pode ter se encontrado com pessoas que poderiam ter ligações com o Sendero Luminoso… Nenhum encontro é objeto de uma acusação… [Guillermo Bermejo] é vítima de perseguição política”, declarou o advogado do parlamentar.

Candidato de esquerda às eleições presidenciais no Peru é preso
GuilleBermejoR / X
Liderança nas pesquisas
Reportagem de Pablo Meriguet, publicada na Peoples Dispacht, aponta que Bermejo emergia como um dos nomes mais competitivos da esquerda peruana para a disputa presidencial. O texto cita uma pesquisa do instituto IPSOS, realizada em agosto deste ano, que o indicava como o pré-candidato com maior apoio depois de Verónika Mendoza, ex-candidata presidencial de centro-esquerda. Ela sinalizou não ter intenção de concorrer às eleições em 2026.
A condenação foi celebrada por setores conservadores do Parlamento e por veículos da grande imprensa peruana, mas provocou forte reação de movimentos sociais e lideranças progressistas, aponta a reportagem. Em comunicado, a Confederação Nacional de Produtores Agrícolas das Regiões Produtoras de Coca afirmou que “essas ações judiciais são uma resposta a uma exigência daqueles que estão no poder e buscam eliminar a competição política nas próximas eleições de 2026.”
Ao veículo, a socióloga Lucía Alvites disse que “a direita pretende eliminar da corrida eleitoral qualquer um que se oponha ao modelo” e que “o fascismo está avançando”. “Não podemos ficar em silêncio. Solidariedade total com Guillermo Bermejo”, acrescentou.
A criminalização do parlamentar ocorre em meio ao forte desgaste institucional no Peru, destaca a reportagem, ao lembrar que após a vitória eleitoral da esquerda em 2021, com Pedro Castillo, o país viveu um processo acelerado de desestabilização que levou à destituição e prisão do ex-presidente e a ascensão de Dina Boluarte.
Em 13 de outubro, ela também sofreu um impeachment sendo substituída pelo presidente interino José Jéri, em meio a fortes protestos no país.























